sábado, 15 de maio de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Cont..

Quando Dudu chegou, Vera que foi atender o portão. Eles deram um abraço forte, e eu vi, que a briga boba deles, tinha ficado para trás. Depois Dudu falou comigo, mas não como antes, falou normal, um Oi apenas.
Ele trazia uma bolsa consigo, dizendo que tinha falado com a mãe de Vera, e sem ouvir o que ela tinha pra falar, ele saiu com as roupas pra ela ficar em algum lugar. E era óbvio que ela ficaria na minha casa por enquanto. A mãe dela acharia era bom.
- Eu acordei cedo, e fui lá pegar as coisas. Na hora que estava virando a esquina, Alê me liga. E agora, me responde, por quê você estava naquele estado ontem. Fazia quanto tempo que você bebia e não tomava banho?
- Faz dois dias. Quer dizer, fazia dois dias. Gente, eu tinha perdido a amizade de vocês. Eu estava sozinha, não estava ficando, namorando com ninguém. Então fui para aquele calçadão. Rolou beijo, drogas e bebidas, e quase sexo. Eu não estava normal, mas ficaria ali, até que alguém me aparecesse. Então, vocês me apareceram. Quer dizer, a Alê. Era só o que eu precisava. Eu realmente queria chamar atenção, dizer " OI, EU EXISTO!".
- Mas poderia ter me procurado. - eu disse.
- Desculpa gente. Desculpa. Espero que agora, possamos ser o que nós erámos antes. - ela estava chorando quando dizia isso.
- Vou limpar esses copos e pratos. - Dudu disse, se retirando da mesa. Com certeza ele não queria contar o que estava acontecendo.
- Amiga, temos muita coisa pra conversar.

Com aquilo, Dudu tinha me provado que nossa amizade, ele não queria mais. Não pelo menos a minha. Não queria mais nada no passado dele, nesse novo presente. Ele não queria, e com certeza Wendel também não ia querer.

Eu mesma acabei contando as coisas que andavam rolando nas últimas semanas para Vera, ela tentava me interromper, perguntando os "por quês", mas Dudu não deixava. Ele apenas ficava olhando as reações dela, que eram cada vez mais surpresas.
- Mas espera! Agora você deve parar tudo isso! Como estamos separados assim? Por que? Como você fez isso Dudu? Entre Alê e Wendel? - perguntava Vera, com as mãos na cabeça de tanta notícia.
- Ah, eu não tenho culpa. Ele estava na pior, eu era culpado em certa parte com isso. - tentava se explicar Dudu.
- Vera, isso não vem mais ao caso. Era isso que você devia saber. Eu tenho que tomar banho para ir pra aula. - eu disse, já subindo as escadas.

Meu quarto era um lugar que me deixava mais angustiada, ao invés de calma, como ele sempre fazia. Nem banho queria tomar. Queria fazer a mesma coisa que Vera fez, ir ali, e as pessoas sentirem pena de mim, e me tirar de lá. Vera foi socorrida. Eu fiz isso, Dudu fez... Wendel fez, por que não fariam comigo? Ah, já era loucura, não, esquece!
Desci as escadas com pressa, sem lembrar que eles estavam ali. Olhei para Vera, e ela chorava, mas meu horário não permitiu um minuto de consolo.
- Estou atrasada, qualquer coisa me liguem. Vocês sabem onde fica tudo aí, podem pegar. Beijos.

Assim que saí de casa, Karla passava de carro com a mãe dela, e me deu uma carona. Atrás estavam outras meninas que reconhecia os rostos na escola. Elas não eram garotas para conversar comigo, apenas falavam em shopping, roupas e academia.

- Elas realmente não fazem o teu tipo de conversa. - disse Karla quando saíamos do carro. As duas garotas já estavam mais na frente.
- Realmente. - eu disse, demonstrando dar interesse em uma conversa longa e feliz hoje.
- O que aconteceu ? Por que você está assim pra baixo ?
- Aim, nem eu sei. - não sei o que deu em mim, e joguei os livros no chão com raiva, e um desespero imenso de chorar.
As pessoas que passavam perto, me olhavam como se eu fosse a louca, o que realmente era o que se dava para ver, eu era a louca. Me deu vontade de gritar "O que estão olhando?", mas aquilo ia me deixar com mais aparência de anormal.
Apanhei os livros, antes que mais pessoas parassem e me olhassem da mesma maneira. Karla me puxava pelo braço, quando eu quase fui atropelada por uma motocicleta.
- Menina, tá louca ? Quer morrer é? - Karla parecia Wendel falando.
Que péssimo, agora tudo era ele.
- Seria bem melhor. Ao menos eu não ia ver quem eu tanto gosto me ignorando de um jeito mais estúpido.
- Mulher, vem comigo. Não vale chorar e falar da tua vida assim pra todo mundo.
Então fomos parar no banheiro. Eu sentada em um vaso chorando, e ela limpando minhas lágrimas.
- Vamos, o sino tocou. - eu dizia, sabendo que ia continuar chorando.
- Nada disso. Pedi uma menina pra falar ao professor que vamos chegar atrasadas. Não se preocupe. - disse Karla, ainda limpando a maquiagem que continuava borrada.
No banheiro, chorava contando o acontecido para Karla. Ela realmente queria me ajudar, mas como ela mesma disse, não sabia como. E haveria como? Achava que não.
Fomos pra sala na segunda aula, depois de eu tanto dizer que estava bem pra Karla. Achava engraçado que todos não sabiam nem disfarçar que olhavam para mim. Não sabia se era pelo estresse lá fora, ou se era por meus olhos estarem tão inchados de tanto chorar. Como era aula de história, eu fiquei conversando com Karla.
Estavámos lanchando quando Karla começou a sentir umas dores fortes, que não sabia explicar onde era. Ela começou a sentir na cantina, mas na sala, as dores pioraram. Eu acabei ligando para os pais dela, que chegaram em cinco minutos. Entrei tanto em desespero quanto eles, e pedi pra ir junto, mas claro, eles não deixaram. Pela rápida conversa com o diretor, eles falavam da doença que ela tinha.
- Claro! O câncer!
Fiquei mais nervosa ainda, sem saber como ficar, agir, o que fazer. As coisas dela ainda tinham ficado na escola, então fui atrás do número dos pais dela pra saber qual o hospital que ele iriam. No caderno não tinha, e o celular, estava no bolso da calça dela. Tentei lembrar das pistas, mas nada saia.
Já era para estar em sala, mas fui falar com alguém que conhecia bem ela. Para minha sorte, achei logo as meninas que vinham no carro com a gente de manhã, e elas disseram o hospital que o pai dela trabalhava.

Porque não se escolhe quem se ama / Cont..

Ainda parei duas vez com ela no caminho. Não aguentava o peso dela direto sobre mim. Ela de vez enquanto começava a chorar, e aquilo me matava, ver minha amiga se matando sem saber o por quê, e ela estar sozinha. Teve um momento que Wendel passou por nós duas no carro. Ele ia sozinho, bom, parecia, e pela primeira vez me olhou nos olhos. Senti que ele ia parar, e ele parou.
Eu na esperança dele vir me ajudar, quem desceu do carro, pela porta de trás foi Dudu.
- O que ela tem? - Dudu a pegava desesperada.
Ela o abraçou, assim como tinha me abraçado.
- Não sei. Eu achei ela assim no calçadão, e estou levando ela agora pra minha casa, dar um banho nela.
Eu via nos olhos de Dudu o desespero, e Wendel nos observando pelo retrovisor. Ele acabou descendo e vindo até o lado em que Dudu estava.
- O que houve? - ele perguntou para Dudu, sem olhar pra mim.
- Depois te explico. Vamos ajudar a Alexandra a levar ela pra casa, vamos?
- Claro.
Então os dois pegaram-na no braço, e a colocaram no carro. Eu não queria ir. Meu coração batia tão rapido e forte, que sentia que eles ouviriam.
- É, acho que vou a pé. - eu disse assim que eles entravam no carro.
- Vamos com a gente, sem coisa, venha. Estamos perto, e como chegaríamos na sua casa sem você ? - disse Dudu.
- Certo. - eu tive que ir no banco da frente.
Wendel era concentrado na pista. Devia esse fato por eu estar perto dele. Olhei para trás e vi Dudu alisando os cabelos, que antes eram lindos, de Vera. Ele chorava baixo, quase em silêncio. Ela fechava e abria os olhos direto. Quando me virei, olhei para Wendel, sem descrição. Meu coração apenas doía, e muito.
Quanto é difícil estar do lado de quem amamos tanto, sem poder fazer nada.

Chegamos em casa, e eles desceram logo com ela nos braços. Eu rapidamente abri a porta da minha casa pra eles passarem. Minha mãe olhava aquilo com medo, e enquanto eles subiam com Vera para meu quarto, eu explicava tudo a ela.
Quando subi, Wendel tinha colocado um lençol em cima da minha cama para que nada ficasse sujo. Eu olhei grata, como uma boba, como se ele ainda desse importância aquele meu sorriso que um dia ele tanto elogiou. Estavámos unidos ali, por uma desgraça, mas estavámos juntos novamente. Uma coisa que eu tanto esperei.
Será que se fosse eu ali, ele faria a mesma coisa? Fiquei nessa dúvida.
Eu e Dudu, nos encarregamos de banhar ela, enquando ele esperava na janela, sabe-se lá o que ele tanto pensava, lembrando que em todo esse tempo, ele nem falara oi pra mim.
Quando fui buscar uma toalha, olhei mais uma vez, desesperada que ele dissesse alguma palavra, mas não saia nada dele.
Entreguei a toalha a Dudu, e desci as escadas. Fiquei na cozinha, chorando como uma desesperada, que era realmente como eu estava, desesperada. Minha mãe me abraçava, mandando eu ter forças para aguentar, e só rezar para ela melhorar, como se fosse realmente por isso.
Logo depois, Wendel descia e disse a minha mãe dizendo que ia comprar umas roupas novas pra ela, e minha mãe disse que não precisava. Ele sabia disso, que eu teria aquilo, mas era só pra me insutar. Subi de novo as escadas, e ele vinha atrás de mim. nem ligava mais.
Com raiva, joguei várias roupas no chão, e procurei por uma frouxa para ela. Pena que a blusa que ele me dera um dia, não ia ficar confortável nela.
Acabei pegando uma de minha mãe e vesti nela. Ela nos olhava e revirava os olhos para o teto, com uma angustia enorme, que só quem estava ali saberia dizer a dor que causava ver aquela cena.
Eu pedi a Dudupara buscar uns comprimidos que tinha no armário da cozinha, que a faria dormir. Ficamos Wendel, Vera , que já nem contava por sua total falta de conciência, e eu. Eu não aguentava mais o silêncio do meu coração e falei.
- Por que você agi assim comigo ? Por que?
- Por que? Você me pergunta? Certo. Eu apenas ignoro as pessoas no qual eu não quero conversar, ou outra espécie de contato. Entende?
- Um dia você disse que seria... - eu parei quando Dudu entrou.
- Ei, vou indo. Vai agora? - Wendel perguntou a Dudu sem nem me notar.
- Não, vou depois mesmo. - ele respondeu e Wendel saiu.
Eu não me aguentei e cai no choro. Sem vergonha mesmo, fiz isso na frente de Dudu. Ele me olhou com a cabeça baixa, mas não disse nada.
Enfim, Vera estava dormindo, e minha mãe chamou para irmos lanchar.
- Vocês já ligaram para a mãe dela ? - minha mãe estava preocupada.
- Não, não. Deixa ela, ela não está nem aí pra filha dela. - respondeu Dudu.
- Que mãe! Vou dar uma olhadinha nela, e vou deitar um pouco. - minha mãe disse e saiu.
Eu e Dudu ficamos em silêncio por um momento, até que ele falou:
- Naquela hora que Wendel saiu, você chorou por ele não foi? - Dudu perguntava ainda sem olhar pra mim.
- Foi. - ele respondi, colocando o suco na mesa, já sem vontade de beber.
- Não fica assim. Vai passar. É recente a separação de vocês. Além do mais, você não está com a Bruna. Não era o que você mais queria ?
- Não, não estamos mais juntas. Eu vi que eu realmente gosto do Wendel. Não consigo ser feliz com outra pessoa, só Wendel me faz bem, só ele me conhece, sabe o que eu gosto, tudo sobre mim.
- Eu sei. Sempre coube que você gostava dele.
- Ele ainda gosta de mim? - eu perguntei, sabendo que a resposta poderia me doer, mas mesmo assim precisava saber.
- Não. Ele não quer mais nenhuma espécie de contato com você. Nada. Por isso não liga.
Meu coração parecia ter levado facadas e mais facadas naquela hora.
- Se fosse eu , no lugar da Vera, ele teria passado direto ? - eu perguntava com a voz trêmula, com algumas lágrimas já saindo dos meus olhos.
- Não sei mesmo. - ele disse, colocando o copo na pia, e subindo as escadas.

É, era meu fim mesmo. Sem Dudu, Vera e Wendel. Aqueles três inseparáveis de um tempo atrás...

Dudu acabou indo embora depois das 22hs. Ele disse que era para eu ligar pra ele, se acontecesse algo.
Para meu sossego, Vera dormiu a noite toda, e calmamente. Eu não consegui. Passei a noite na janela, lendo o livro que Wendel me deu. Senti uma porrada forte nas minhas costas, foi então que eu percebi que tinha caído da janela enquanto lia. O sol já estava ficando alto, então ainda estava amanhecendo.
Vera estava do mesmo jeito que eu deixei, então ela ficou tranquila a noite toda. Fui lanchar e minha mãe e meu pai não estavam mais ali. Enfim, fiquei sem ter o que fazer.
Subi, e pra minha surpresa, Vera entrava no banheiro. Ela estava tentando andar normal. observei, e qualquer movimento em falso, eu a seguraria. Ela entrou e quando ia fechando a porta, me viu. Ela sorriu, e entrou.
Enquanto ela estava lá dentro, eu arrumei a cama e peguei uma outra roupa para ela. Enquando trocava o lençol, ela saia do banheiro rindo.
- Essa que apareceu nesse espelho, sou eu mesma ?
- É amiga. Ai como é bom te ver assim, como você realmente é! - eu soltei as coisas, e fui dar uma braço nela
- Espera gata. Eu não sou assim. Sou mais bonita! - fiquei muito emocionada com aquele sorriso que não via há muito tempo.
- Comparada ao que eu vi na última vez, ou seja, ontem.
- Desculpa. Mas tenho uma explicação para isso.
- Depois você me diz, antes você vai comer algo.
Descemos e liguei para Dudu, que já estava a caminho. Agora não sabia se sozinho ou com Wendel.

Porque não se escolhe quem se ama / Cont..

Ela me perguntara uma coisa que nem eu mesma sabia responder. Gostava ? Sim, gostava. Mas não era paixão. Era outra coisa, agora não sei o quê.
- Bruna, não faço isso de propósito, ser esse fantoste. Mas é que... não sei! Acreditei tanto, apostei tanto na gente naquela primeira vez, sonhava na perfeição se um dai estivéssemos juntas. Hoje,eu vejo que não é nada daquilo que eu pensava. Gosto muito de estar com você, mas não é como antes...
- O que eu posso fazer? Como você gostaria que fosse?
- Não existe isso, como eu quero. O problema é que eu enxergo hoje, que era ilusão. Eu nunca me apaixonei por você de verdade. Era apenas coisa da minha cabeça. Infelizmente. Eu tento, com todas as minhas forças, gostar de você como antes, eu DEVO, mas não dá. Você não se compara com o carinho e amor que eu preciso.
- Você gosta de outra pessoa não é?
- Wendel acabou comigo. Acabou nossa amizade, nosso rolo. Acabou por descobrir que eu era gay. Ele antes me tratava como uma peça valiosa. Ele era a pessoa mais maravilhosa que conheci na minha vida. Fazia-me muito feliz, mas acabou nisso. E hoje, eu sinto falta do jeito dele, como ele era comigo. E vejo que ele é a pessoa certa pra mim. Que ele é a pessoa que eu realmente mais amo na vida.
- Por que não me disse antes?
- Porque eu tentei esquecer ele com você.
- Ca-ram-ba.
- É, assim como você fez comigo. Mas juro que não foi de propósito.
- Entendo. Então você ficaria bem se acabássemos?
- Sim, não faria diferença pra mim.
Senti que ela jamais esperaria isso de mim. Com certeza, ela pensava que eu iria me ajoelhar nos pés dela, pedindo pra ela nunca fazer aquilo, mas não foi o que aconteceu.
- Está bem. Vou cair fora.
Ela pegou a bolsa do celular, e saiu, com raiva na certa. Eu não faria nada. Que fosse então.


Agora sozinha mais uma vez. Karla era a única que eu conversava. E nem sabia onde ela morava ou o celular dela. Meus pais iam fazer as coisas deles. Pensei em ligar pra Dudu, mas não liguei, então resolvi ir a casa de Vera, saber se ela estava viva.
Já era noite, quando saí.
Na rua encontrei algumas pessoas que estudavam comigo, que agora sorriam para mim. Acenei, e eles me chamaram pra ficar com eles em um banco. Ainda conversei com eles por uns 15 minutos e segui meu rumo.
Vera estava no calçadão que tinha perto da casa dela, como dissera sua mãe. Era um lugar esquisito, tinha pessoas ali que não eram legais, como me dissera Vera uma vez. Será que era esse o lugar mesmo, ou Vera teria enganado a sua mãe pra poder ir a casa da.. sei ,á o que dela ?
Mesmo assim, ainda fui. Olhei do começo do calçadão, e realmente não parecia ser um bom lugar para namorar ou sossegar. Era escuro em algumas partes, e era enorme, lotado de pessoas diferentes, do jeito que você pode imaginar.
Não queria andar pelo calçadão, fui pela caçada que ficava do outro lado, olhando para todos os rostos que ali existiam. Reconheci ela pelos longos cabelos e a roupa que ela estava vestida da última vez que a vi. Se não fosse esses pequenos detalhes, jamais reconheceria aquela garota, que não saia sem maquiagem desde o tempo que a conheci.

Eu acabei atravessando, não aguentei vê-la naquele estado. Para minha sorte ela estava sozinha, bebendo algo. Eu ia tentar tirá-la de lá.
Quando cheguei mais perto, senti logo o cheiro terrível que ela estava, seu cabelo bagunçado, e sua roupa quase acabada. Acredito que ela tenha passado um longo tempo sem tomar banho. E a mãe dela? Aquela só dá importância a si própria.
- Vera, amiga? - Quando ela virou para mim, seu rosto estava sujo demais. Parecia ter sido pisoteada. Ela me viu e me abraçou, como se eu fosse uma luz no fim da caverna. Ela estava quase sem forças.- Vem comigo, vem.
Acho que ela só esperava disso, que alguém chamasse ela pra sair dali. Ela veio na boa. Me ofereceu a bebida que tinha no copo, mas eu rebolei. Ela mantinha o peso sobre mim enquanto andávamos. Eu tentei pegar dois taxi, mas nenhum parou. Eles não iam aceitar uma garota alcoolizada no carro, claro que não.

Porque não se escolhe quem se ama / Cont..

Nunca passei tanto tempo trancado no meu quarto, quanto naquele final de semana. Eu tinha prometido a mim mesma que iria sair, e curtir a vida, mas não dava assim. Bruna não entendia o por quê das minhas atitudes depressivas, mas tentava entender, e não colocar pressão para encontros.
Eu tentei ver filmes com ela, andar no shopping, ouvir músicas... mas literalmente, não dava. Ela não tinha o encanto, a alegria, "aquilo" que só Wendel tinha.
Ela era uma pessoa para relacionamento de namoro sim, mas não era do mesmo jeito que eu estava acostumada. Ela me tratava com carinho, tentava me fazer contente. Eu gostava de Bruna, não como antes, mas eu ainda gostava. Acredito que antes era apenas mais um desejo de tê-la comigo. E quando percebo meu sentimento, e ele começa a crescer, eu perco a alegria de viver.. eu perco meu amado.

" A chance de amar para sempre só bate uma vez na sua porta. Ela bateu na minha, e não dei a atenção que merecia. Depois que ela foi, percebi o maior erro da minha vida. Coração que não cura nem com quem diz me amar."


Eu peguei uma aproximação maior com Karla na semana que entrava. Ela ajudava a levantar minha estima, que se tornara cansativa. Já era um rotina: Eu acordava na hora de vir pra escola, passava a tarde na escola, e à noite Bruna passava um tempo comigo.
Karla tentava me tirar de casa, me levar pra sair, e me divertir. Tínhamos combinado de sair na quarta pro cinema. Ela queria levar um amigo dela para eu conhecer, mas dispensei o convite e o menino. Eu tinha contado a ela naquela tarde o fato de eu ser lésbica, e toda a minha história enrolada de amor. Ela achou bonita, e disse:
- Criei uma teoria para isso. Acredito que você pensou toda a sua pré-puberdade que gostava de garotas, mas depois disso, você descobriu que nada é o que você pensava. Você o via como amigo, e não como um homem, que você acreditava não sentir atração por eles, entende?
Realmente ela disse algo que eu já começara a acreditar há um tempo. Se alguém também pensava assim, então era porque realmente esse seria o verdadeiro fato.

Na aula, já não ouvia música alta em um fone de ouvido, e sim, escrevia frases e poemas em meu caderno.
- Ca-ram-ba! Você mesma que fez? - Karla se surpreendia enquanto eu pedia sua aprovação.
- Foi.
- Nossa! Devia mostrar isso para as pessoas, e até para ele. Eu sei que essa inspiração vem do teu coração apaixonado. Por que não faz um twitter? É ótimo para postar esses trechos.
Eu nem ligava mais minha internet, apenas para trabalhos. Resolvi fazer isso, e desabafar com pessoas que como eu, sentia uma dor, por não ter quem tanto ama.
Naquela quarta-feira, enquanto voltava da escola, vi Wendel com a tal garota novamente. Eles iam na minha frente, ela sorrindo de algo que ele tanto falava. Aquela sintonia que nós tínhamos, estava totalmente substituída por uma até mais forte. Ele parecia feliz, e apesar de gostar tanto dele, ficava com raiva dessa felicidade dele. Ele não poderia gostar de uma garota assim, não tão rápido. Onde estava aquele sentimento que ele sentia por mim? Onde?
Eles entraram numa casa na primeira rua, que com certeza era dela. Isso me matava. Filmes, debate de livros.. tudo seria com ela agora.

Quando cheguei em casa, minha mãe conversava com alguém na cozinha, e para minha surpresa, era Bruna. Elas sorriram, e Bruna subiu comigo para meu quarto.
- Que milagre aparecer cedo aqui. Que aconteceu? - eu perguntei, sem dá nenhuma atenção ao que ela falaria.
- Queria conversar com você.
- Hum... Sobre ?
- Nós duas.
- Certo, senta aqui.
O que seria? Eu não fazia nada de errado para que ela quisesse acabar comigo. Mas se quisesse acabar, que acabasse. Eu não ficaria pior.
- Porque assim... Você parece não estar feliz comigo. Você gostava tanto de mim, era tão especial, carinhosa naquela primeira vez. Era tão perfeita pra mim. Desculpe não ter te dado valor certo, mas agora eu tô tentando, e você nada faz. Parece mais um fantoste nesse nosso rolo. Isso me deixa, sei lá, confusa. Me responde uma coisa, você realmente gosta de mim?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Eu sabia qual era a tal pizzaria que Dudu levaria eles. Dudu só gostava de uma pizzaria daqui. Mas era longe, não daria para ir a pé.

- Mãe, vem me deixar naquela pizzaria que fica perto da casa da tia Rosa?
- Claro, vou só trocar de roupa.

Bom, eu ia ficar no meio da rua, observando a pizzaria do lado de fora à noite. Era algo arriscado, mas eu queria ver, afinal.
Eu fiquei na esquina, para que eles não me vissem. Eu ri de mim mesma, como uma idiota, era assim que eu estava agindo. Pelo vidro, eu vi Karla, a menina que eu tinha conversado hoje na escola. Ela estava com mais três meninas. Era a sorte sorrindo pra mim? Hum, talvez.
Entrei rápido para que ninguém me visse. Cheguei na mesa, sem reação, sem saber o que falar e como agir.
- Oi Alexandra. Meninas, essa é a menina que eu estava falando. Desculpa Alexandra, mas estava falando de você aqui.
- Espero que bem. - eu sorria e acenava para as outras meninas, que faziam o mesmo.
- Senta aqui com a gente. - falou uma loirinha que tava do lado dela.
Como a sorte estava ao meu favor!
- Bom, não queria incomodar. Eu tava passando na rua e vi a karla, então entrei.
- Mais um motivo. Senta aqui, já que você não está em nenhuma mesa.
Eu me sentei, claro. Procurei a mesa deles por todos os lados, mas eles ainda não tinham chegado.

Conversei muito com as meninas. Me senti a vontade como não me sentia há muito tempo. Até aprendi o nome das outras meninas. Eram Larissa, Raquel e Andressa. Bem divertidas.
Eles não apareceram, e estava na hora de irmos pra casa. Eu agradeci as meninas pela noite, e fui pra casa, de ônibus mesmo.
Dentro do ônibus, um homem me encarava, e isso me dava medo. Ele me torturava com os olhos. Na parada que ficava na rua de Bruna, eu desci, já que era mais claro.
Estava respingando um pouco, então mais uma vez subi o capuz. Passei em frente a casa de Wendel, olhando, na esperança dele não ter ido ao encontro, e estivesse na janela. Mas ele não estava. Passei pela casa de Bruna, ainda pensando em entrar, mas fui direto. Na pracinha da esquina, Wendel estava lá, com uma garota. Seria ela ? Eles não estavam abraçados, nem outra coisa, estavam apenas conversando.
Eu via nos olhos dele, o encanto de ouvir as palavras sairem da boca dela. Eram os mesmos olhos de umas semanas atrás, mesmos olhares que ele soltava pra mim.
É, Deus fez certo ao não deixar eles aparecerem na pizzaria. Ali já era doloroso ver a conversa, quanto mais lá.

Só peço forças para aguentar até o momento em que meu encanto por Bruna voltar. Forças, forças.. é tudo o que preciso.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Como ele poderia estar mal, e fazendo aquilo comigo? Eu não entendia. Se ele gostava de mim, não era para estar assim, passar por mim, e fingir não me ver.
- Eu queria te avisar que hoje vou arranjar uma garota pra ele. Eu o chamei para irmos para a pizzaaria, e prometi levar uma amiga.
- O que? Não Dudu, não mesmo! Você não poder, poxa! Eu estou mal ca-ra, mal demais. Eu não queria te mostrar isso, pra você não vir com suas interrogações, mas eu realmente não estou legal por conta disso.
- Eu estou te avisando. Já arranjei a garota.
- Que espécie de amigo você é? Que apresenta uma garota pro cara que tua amiga gosta?
- Espera aí! Eu também sou amigo dele. Eu que te apresentei a ele, lembra?
- Mas sim, mesmo assim! Você...
- Gata, ele me ligou várias vezes a noite, pra saber de você , quando você ficava longe dele, quando você cansava dele. Ele me pedia ajudas e tudo mais. Ele desabafava comigo. Ele até me mostrou a música que fez para você, a tal música que você nem fez questão de mostrar para o amigo aqui não é?!
- Ah, desculpa. Eu esqueci! - realmente vacilei nisso.
- Tudo bem, tudo bem. Eu esqueci que você gostava dele quando arranjei a garota pra ele. Sinto muito, mas tenho que ir. Tenho um programa pra hoje à noite.
Dudu saiu com raiva de mim, quando na verdade era eu que era pra ficar mal.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Eu procurei jogar tudo fora que me lembrava Wendel. Eu queria mesmo esquecer ele, tirá-lo da minha vida. Ele tinha nojo de mim não era? Então seria assim. A carta, o filme, o livro, foram todos para quarto em que minha mãe colocava as coisas que ela doaria depois.
Dudu veio em minha casa, e contei o acontecido, dessa vez sem chorar, sem mostrar estar mal. Eu mostrei estar feliz com Bruna, que era algo que eu não tinha certeza. Eu estava feliz? Ah, isso não importa, eu seria agora, amando e sendo amada.
- Eu sabia já. Wendel me ligou no mesmo dia que soube. Ele saiu da escola e foi na minha casa, conversar comigo, e saber da verdade. Eu até tentei mentir, mas não consegui. Ele ficou muito mal, até chorou Alê. Nunca tinha visto um homem chorar assim, nunca mesmo, ele gostava mesmo de você. Eu tentei convecê-lo de te perdoar, mas ele disse que essa era a pior mentira que ele poderia descobrir na vida. Ele pediu pra eu te ligar, pra você nem aparecer na casa dele ou então ele iria pra outro lugar, eu disse que já tinha ligado, para que você pudesse ter uma conversa com ele. Desculpa não ter vindo na tua casa, mas sei lá...
- Sem problemas, já passou não é?! Ok! Se ele realmente gostasse de mim, ele me entenderia e iria querer ao menos minha amizade, mas nem isso ele quer, fazer o que?!
- Ele gostava sim de você, mas entenda o lado dele né?
- Quando se gosta, não cria um preconceito assim, rápido como ele criou.
- Ele não criou preconceito, sei lá, ele criou raiva de você, só isso..
- Ah, que aconteceu? Está do lado dele agora?
- Me poupe né? Eu apenas entendi o que ele sentiu.
- Ele sentiu? Ele fingiu sentir.
- Você não julga ele assim. Ele realmente está mal
- Não está. Ele hoje passou por mim, nem me olhou! Passou direto como se fosse uma pessoa qualquer ali.
- Ah Alê, santa paciência. Você queria o que? Que ele te beijasse e abraçasse como se nada tivesse acontecido? Era?
- Não, mas ...
- Nada de mas.. Ele está certo, você vacilou. E ele ainda está mal viu? Tenha conciência disso.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Bruna tinha me mandando uma mensagem, pedindo para que eu passasse em sua casa depois da escola. Eu não sabia se queria ir, mas iria. Afinal, Wendel não me perdoaria, e eu teria que seguir minha vida. Sempre pedi tanto que um dia Bruna me desse valor, agora com isso nas minhas mãos, não poderia deixar passar.

Depois do intervalo, acabei conversando com uma menina da minha sala. Era era uma das isoladas que eu tinha reparado.
- E há 1 ano e 3 meses eu luto contra a leucemia. Tento ser natural, mas não consigo. Tenho medo de me aproximar das pessoas, e elas tentarem ser legais comigo por pena, entende?
Pela primeira vez na vida, vi que minha vida era tão boa, e eu não sabia aproveitar de maneira certa. Karla sofria de leucemia, e não tinha mais muito tempo de vida. Ela não sabia ao certo quanto tempo teria, mas com certeza não aguentaria até aos 20 anos, e ela só tinha a minha idade. Ela me disse que tentou várias vezes tentar se matar, pois não tinha mais alegria de viver. Foi totalmente doloroso ouvir aquilo.
Ela ajudava na instituição que meus pais ajudavam sempre, de crianças carentes.

Como prometera, fui a casa de Bruna após a aula. No caminho, os amigos de Wendel passaram por mim de carro. Pena que eu vi depois que eles desapareceram na esquina. Bruna estava na calçada me esperando já. Quando me viu, foi me ajudar com os livros que eu trazia nos braços. Enquanto entravámos na casa dela, Wendel passou por nós, sem me olhar, sem se quer ... fazer nada. Fiz o mesmo, ignorei ele, e Bruna pareceu perceber isso.
Nossa conversa durou muito, fiquei na csa dela até 18:30hs. Ela queria voltar a ficar comigo, mas dessa vez queria mesmo. A sua ex tinha saído enfim da vida dela, e ela queria ficar comigo, só comigo.
Eu aceitei de cara, combinando não ser tão apressada como daquela vez. Enfim, teria alguém que eu gostava comigo, sempre.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Ela aceitou, e eles foram.

Quando entrei no meu quarto, apenas me deitei na cama, e agora,aquela dor que eu pensava sentir, acabei sentindo. Era até mais forte do que o esperado. Era um desespero fora de mim. Não era um desespero de me jogar na parede, mas sim, de minhas lágrimas, que não paravam de descer.
No meu celular, tinha 3 chamadas perdidas, olhei na esperança de ser Wendel , mas eram de Bruna. Isso até me causou surpresa, mas não animação.
Fiquei a noite ouindo apenas uma música a noite toda: O que eu também não entendo - Jota Quest. Uma vez ele me ofereceu na principal rádio de Fortaleza. Ele me fez gostar de Jota Quest.
Tentei ligar para Dudu, pra ele vir me fazer companhia, mas ele estava com o celular desligado. Nem tentei falar com Vera, ela parecia nem se importar mais com a gente, depois desse namoro. Ao menos ela estava feliz.

Aquela foi a minha primeira noite infeliz, depois de ter conhecido pessoas em Fortaleza. Foi a primeira vez que um homem me fez chorar, e me conquistou. A primeira vez que sofria, e repetia palavras de Dudu: " As pessoas só costumam só dão valor, quando perdem." Jamais imaginava que essa frase fosse tão verdadeira.

Amanheci com olhos inchados, e de farda. Com certeza meu cheiro e minha cara não seria uma das melhores naquela manhã. Por costume, olhei para o celular em busca de uma mensagem ou chamada de Wendel. Era claro que não tinha.
Minha mãe não foi trabalhar naquele dia, para me compensar naquela manhã com presentes. Ela tinha trago alguns livros para mim, que nem dei importancia de ler o nome. Durante todo o lanche ela me falava sobre as coisas que vira no shopping, de uns colegas meus da escola lá. Eu apenas escultava, e balançando a cabeça sem ânimo, e sem palavras.
Minha intenção não era ir a escola naquele dia, sairia de farda, mas iria na casa de Dudu. Só que ele não estava lá. Então tive que ir a escola. As pessoas me olhavam estranho, talvéz por eu mostrar tamanha tristeza, mais do que o normal, ou talvéz porque não usava maquiagem.

Acabei sabendo o nome de meus professores, e descobri que havia pessoas como eu naquela sala. Não no fato de ser gay, mas pessoas isoladas, sentadas atrás, que ficavam toda a aula com os fones no ouvido. Vi como os outros nos olhavam, o que eles achavam daquilo. Reparei em tudo naquele dia, pela primeira vez, isso era importante para mim, entender o que se passava naquele mundinho real.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Muitas vezes a vida te apronta situações para que você possa ver o que realmente se passa ao seu redor.

Por todo o caminho, fiquei com meu fone de ouvido alto, para que pensamentos não me fizessem chorar. O carro de meus pais estavam estacionados na calçada, então eles sairiam hoje.
Quando entrei, minha mãe colocava sacolas na mesa. Pela primeira vez na vida, após minha saída da infância, eu fui ao encontro de minha mãe, abraçando-a. Ela correspondia meu abraço, com certeza, perguntando-se o por quê daquilo.
- Você está bem? - ela me perguntava, limpando as lágrimas que desciam sem parar do meu rosto.
Eu apenas balancei a cabeça, dizendo que não. Ela me fez sentar no sofá, ao seu colo, e me disse:
- Bom, eu não sou a melhor mãe do mundo, e a nossa relação não é tão especial quanto suas amigas devem ter. Acho que meu medo de sua reação bloqueia esse contato. Mas assim, o que você precisar, quando quizer conversar, eu estarei aqui, pra te ouvir, aconselhar, certo? - eu balancei a cabeça novamente, dizendo sim, e ela continuou:
- Hoje, eu e seu pai, pensamos em te levar pra sair, pro shopping, outro lugar... mas sairmos os três como sempre fazíamos. Mas estou vendo que você não está bem. Vamos se você quizer ir, vai ?
- Não. Vou pro meu quarto, me deitar. Estou cansada demais para ver pessoas. Mas quero muito que você vá com o papai. Vão, por mim. Eu vou ficar bem. Vou para meu quarto e irei dormir até amanhã de manhã.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Eu realmente tinha perdido tudo ali. Nem tinha mais o que se falar. Vi na expressão dele uma dor, parecia mais com um espelho. Eu também sentia aquilo, mas não ia mostrar pra ele.
- Acho que já disse tudo não é? - ele perguntava quando via que eu buscava mais algum argumento.
- Tem razão. Tudo acabou? Tudo mesmo não é? - eu me sentia derrotada, e virei antes mesmo dele responder.
Desci a escada normal, sem tontura, sem lágrimas escorrendo como eu pensava que seria. Coloquei o fone no ouvido, e saí. Sem fazer barulho para que D. Fátima viesse conversar.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Ele tinha que estar em casa. Liguei duas vezes, na terceira, ele desligou. Toquei a campanhia, e pedi para um menino que estava na rua, pra falar, como se fosse André, o amigo dele.
Quem atendeu foi a mãe dele, que já vinha abrir. Dei umas moedas para o menino, e quando ela vinha abrir o portão expliquei que eu e ele tínhamos brigado, e queria falar com ele. Ela deixou na boa, afinal, como ela mesma disse, a minha nora preferida.
Quando me aproximei do quarto, ouvi o som de Evanescence. Ele só ouvia esse cd quando estava com raiva e não queria que ninguém entrasse no quarto dele.
A porta estava fechada, mas não trancada.
A bolsa dele, estava jogada ao chão, e a farda também. Então ele estava no banho. A cama estava uma bagunça, e não como normalmente é, cheia de livros e filmes. Coloquei minha bolsa na mesa em que estava o computador, e me sentei. Esperava que ele me entendesse, e se desse tempo, ainda mentiria.
Wendel era alguém tranquilo, mas até o momento em que você não tocar nos sentimentos e feridas dele.
Quando ele saiu do banheiro, baixou o som, estava só de toalha. Quando virou pra pegar outro cd, me viu. Ele ficou tão surpreso quando me viu, e eu sabia que ele ia jogar coisas na minha cara. Jogar todas as minhas palavras ditas.

- Por que você não me atendeu? Você me prometeu que ia me buscar hoje, fiquei esperando, sozinha na calçada da minha escola. Isso é humilhante em um mundo em que você fica sozinha ,sabia?!
Ele continuo a andar no quarto, como se eu fosse um vulto, e tivesse ido embora. Bom, ele estava com raiva, e eu teria que saber logo o que fazer.
- Me esculta, vai lá. - então baixei o som, que ele já havia aumentado novamente, e segurei na mão dele.
- Espera, você pensa que é assim? Me solte. Eu tenho nojo de você, nojo menina. ôpa, menina? Menina-macho. Por que você não me disse logo? Não assumiu? Eu entenderia, poderia ser até um colega seu, mas você fez eu me apaixonar por você. Por que? Lésbicas gostam de brincar com sentimentos dos homens é ? - ele se afastava mais de mim.
- Ca-ra. Entenda. Eu não queria ficar com você naquela primeira vez. Era uma aposta, mas você me deu tanto carinho, coisa que nunca recebi de ninguém. Mas quando olho você já gostava de mim, e eu não queria perder aquilo.
- Ainda tem essa! Você ficou comigo por causa de uma aposta?
- Sinto muito, mas lembra o que eu te disse. Que apesar de qualquer coisa que aparecesse pra gente, eu sempre falaria a verdade em relação aos meus sentimentos, e isso era verdade, sempre foi.
- Então, você, uma lésbica, realmente se interessou por um homem? - ele foi irônico.
- Que preconceito é esse? O Dudu é gay e você sabe. Sempre aceitou isso, e por quê isso comigo? Eu ...
- Quer saber? Porque em nenhum momento em fui pra cama com o Dudu. Nunca o Dudu disse coisas pra mim, e fez eu me envolver tão profundamente com ele. Ele não saia comigo, na frente dos meus amigos como namorado, pra depois meus amigos dizer que ele era gay. NUNCA.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Como pensado, fomos para escola à pé, e de mãos dadas, já que o tempo estava nublado. Não queria ter visto aquilo, mas meu o tal amigo de Wendel, passou por nós dois de skate no caminho. Ele me olhava como uma mendiga na rua, com cara de nojo. Fiquei feliz por Wendel não chama-lo para ir com a gente.
Fiquei com medo da olhada que ele me dera naquele momento. Ele com certeza diria a Wendel na escola o que viu ontem.
Minha escola era antes da dele, então quando paramos no portão, eu o abracei com força, e o fiz prometer vir me buscar às 17:00hs. Ele perguntou o por quê daquilo, mas eu não lhe falei nada.

Esperava as horas passar, ansiosa. não prestei atenção na aula, fiquei todo o momento com os fones no ouvido. Hoje não era um dia que eu teria paciência com alguma coisa. Fiz até promessas para que Wendel não soubesse de nada.
No intervalo liguei para Dudu, falando meu desespero. Ele achava que era uma preocupação em vão, que era até exagero da minha parte.
- Mas Dudu, se eles disserem a ele o que viram, ele com certeza vai se afastar de mim, nunca mais vai querer olhar pra mim. Afinal, ele se apaixonou por uma lésbica, que escondeu isso dele o tempo todo.
- Alê, com toda a sinceridade do mundo, você não acha que já está na hora de acordar, e ver que isso que você sente pelo Wendel, já passa de amizade, já é paixão? Tá na cara que você gosta dele, e o que você sente por garotas, quer dizer, pela Bruna, pode ser apenas coisa da sua cabeça.
Eu parei e pensei. De certo modo, Dudu teria razão. Aquilo que senti pelo Wendel no dia em que transamos, foi mais forte que eu, eu que senti desejo, e o puxei para mim.
- Ah Dudu, não sei. Posso gostar um pouco a mais dele, mas paixão, acho que não hein.
- Mas então me responde: O que é isso, essa preocupação, isso que rola entre vocês? Não dá pra ficar com alguém assim sem gostar querida, sinto muito.
- Ah, mas o ponto não é esse. Esqueça! Me diz o que fazer, por favor.
- Diz que é mentira. Desmente, sei lá.
- Você acha mesmo que ele vai acreditar em mim, ao invés dos amigos dele?
- Se ele gostar de você, sim.

Aquilo ficou na minha cabeça até a hora de sair da escola. Até pensei em fingir passar mal pra poder sair, mas achei melhor esperar, e ver se ele viria até a mim.
Quanto mais você espera por alguém que realmente vale pra você, você fica ansiosa, e não vê as horas passarem. O relógio parecia lutar contra mim. Parecia mais que ele queria me provocar. Até tentei dormir, mas nem isso eu consegui. Até que enfim, tocou para ir para a casa.
Fui a primeira que saiu da sala.

Me atende, me atende. Era apenas o que eu pensava. Eu já esperava por 10 minutos, o tempo que ele levaria pra chegar aqui. Meus olhos enchiam-se de lágrimas de vez em quanto, mas elas não desciam. Eu tentei ser forte em muitos momentos.
Então fui na casa dele, atrás de respostas na cara. Bem que eu queria mentir sobre a verdade, mas não daria. Se eu mentisse, iria piorar minha situação mais na frente, e se em um momento, Bruna quizesse algo comigo, e eu quizesse algo com ela, iria ser pior, seria nesse momento mesmo que ele não aceitaria mais nem minha amizade. Que já era até provável disso acontecer agora.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

- Por favor, fica comigo, mais uma vez que seja, mas fica comigo. Eu gosto tanto de você Bruna, você não tem noção. - quando ela disse isso, me beijou.
Fiquei sem reação. Era o que eu queria sim, mas era tão diferente do que o começo. Não era mais tão especial. Mas continuei.
Nós não conversamos muito sobre o que tinha acontecido no momento em que nos separamos, mas falamos mais de nós mesmas, como estavámos. Quando falava com ela, quando contava sobre mim, eu via o encanto que nunca tinha visto nos olhos dela.
Avisei a Dudu que ia ficar mais longe dele, explicando tudo. Nós duas fomos para a escada. Eu não iria ficar constrangida se descobrissem que eu era gay, mas eu não queria ficar com ela na frente dos outros, não agora.
Os beijos eram de saudade, eu acho. Era mais forte que a gente, era algo caloroso, e não intenso como foram um dia.

Saímos do clube, para poder ter mais privacidade, mais calmo para nós duas. Fomos no caminho da praça da casa dela, que era na mesma rua da casa de Wendel, só que a dele ficava ao final.
Paramos na calçada da esquina, sem vergonha, sem nada. Nossas reações eram quentes, mais por conta dela do que por mim.

Houve um momento em que vinham quatros garotos na calçada, eles passavam por trás de nós, bem na esquina em que estávamos. Como estavámos em pé, e fomos pega de surpresa nos abraçando, eu virei o rosto para o outro lado, com a cabeça baixa. As mãos de Bruna ainda continuaram na minha cintura.
Um deles, era amigo de Wendel. Ele me olhara chocado, e eu sabia que ele contaria a ele. Tentei abaixar o rosto para ele não me enxergar mais, mas ele já tinha notado.
Fiquei com vontade de ir atrás dele, e dizer que não era o que ele imaginava, mas se eu fizesse isso, só poderia piorar minha situação.
- Vou pra casa. - dei um beijo em Bruna, e saí.

Liguei para Wendel, quando cheguei, que não me atendia. Será que ele já sabia?
Acabei dormindo, e quando acordei tinha 3 chamadas perdidas dele. Então ainda não sabia de nada.
Bruna também me ligara naquela noite, 2 chamadas.
Ontem, quando estava com Bruna, percebi que não era mais a mesma coisa de antes. Agora o que eu sentia por ela era menos forte, não era mais uma necessidade, como antes seria de ficar com ela. Pra mim, agora tanto fazia se ficassémos ou não.

Wendel veio antes do horário de irmos à escola. Hoje iríamos a pé, e de mãos dadas, como ele mesmo fez questão de destacar. Eu nem almocei naquele dia, apenas curti aquele tempo com ele, abraçados e nos beijando no sofá. Ele realmente estava começando a mecher comigo. Nunca neguei que ele me deixava bem, mas agora, ele me fazia sentir sempre bem perto dele, e muitas vezes desprotegida.
Eu o disse que fomos ainda ao dance, depois do jantar. Ele dissera que também foi, então lembrei que aquele que achei parecido com ele no dance, realmente era ele, e na hora que o amigo dele passou com aquele outros meninos, vinham da casa dele.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

No restaurante, estavam as meninas "riquinhas" de minha escola. Todas juntas. Elas me olharam da cabeça aos pés quando entrei. Me deu uma vontade de jogar os sapatos na cara delas, mas não queria estragar meus sapatos lindos e novos com aquilo.
Meus pais me contaram que tinham ido para a casa de minha tia no centro da cidade. Hoje ela junto de meu tio, completavam 10 anos de casados. Então eles foram logo ontem, para que meu "aniversário surpresa" ocorresse. Eles perguntaram se foi bom, e se eu tinha fotos. Eu afirmei que tinha sido melhor que poderia ser. Que tinha sido perfeito mesmo, mas não tinha fotos porque todos esqueceram da câmera, e a minha estava emprestada. E que nós iríamos terminar de comemorar hoje na casa de um dos meus amigos, mentindo para eles, claro. Quase que não liberavam, mas acabaram cedendo.

Como prometera, Dudu apareceu ás 22:00hs em minha casa. Eu terminava de retocar a maquiagem quando ele aparecera.
No carro só tinha eu de mulher. Vinham mais três gays com ele, que eram Junior, Felipe e Ricardo, que acabei conhecendo ao resto da noite. Eles não eram gays assumidos totalmente, ficavam mais com outros gays escondidos, mas afirmavam que não era preconceito, mas que às vezes tinha vontade de ficar com mulheres, e perderiam pontos se elas soubessem.
Eu não conhecia aquela boate, mas conhecia muitas pessoas que estavam ali. Das primeiras que eu vi, uma delas foi Bruna, que estava na mesa em que ficamos. Ela soltou um sorriso pra mim quando olhei para ela, mas eu dei as costas. Muitos colegas de sala estavam ali, então eu teria que me comportar para que eu não fosse comentada amanhã, bem que não me importava, e nem queria falar com eles, para que amanhã alguém sentasse perto de mim.
Fui para o meu do clube com Dudu e Felipe, os dois bebiam. Os outros dois, eu não vira. Em um momento eu olhei para a nossa mesa, e vi um rapaz parecido com Wendel, mas não era ele, claro que ele não viria para uma festa dessas. Bruna era uma das pessoas (que não eram poucas) que ficava me observando dançar. Dudu e Vera sempre me elogiavam dançando, por minha dança ser algo sensual e chamativo aos olhos dos outros. Pena que Vera não estava aqui, ela brigara com Dudu, e eu não tive coragem para chamar ela para um lugar que eu já era convidada.

Em um momento fui ao banheiro, e encontrei os outros amigos de Dudu, que estavam escondidos fumando alguma coisa. Nem liguei e segui. Quando saia do banheiro, Bruna me puxara pelo braço, para o lugar em que os dois meninos antes estavam.
- Sua louca, me solta. - eu tentava largar a mão dela do meu braço, mas ela não soltava.
- Espera, vem aqui comigo por favor ? - ela me olhava, com cara de arrependimento.
Paramos em um lugar escuro, onde ninguém nos reconheceria de longe.
- O que é hein? Você não acha que já me fez muito mal não ?
- Por isso que te chamei aqui. Queria te pedir desculpas por tudo, sério mesmo. Por ter falado aquilo, e ter te usado. Muitas desculpas.
- Pensa que é assim é ?
- Eu terminei com a Karol, e eu percebi que senti mais sua falta do que a da Karol.
- Eu não acredito nisso. Desculpe. - saí dali.
- Espera! - eu me virei novamente.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Meus pais entravam com algumas sacolas de compras, me dando abraços. Nossas relações eram distantes, mas quando chegavam os tempos de aniversários de um dos outros, nos aproximavámos. Acabei ganhando dois pares de sapatos de minha mãe, e um colar de ouro do meu pai. Eram todos lindos.
Íamos jantar em um restaurante, então eu fui ao banho para não me atrasar. No meu celular tinha uma mensagem de Wendel.

"Não sei o que a nossa noite significou para você. Acredito que ela não tenha sido tão perfeita como foi para mim. Desde então, eu estou mais apaixonado por você, e descobri que é com você que eu quero ficar. Muito obrigada por me fazer ter a melhor noite da minha vida.
Tenha um bom jantar, e amanhã vou te buscar para irmos à escola juntos."
Acabei respondendo:

"Acredito que tenha sido especial da mesma maneira pra mim. É algo sem explicação, sem uma reação para o 'depois'. Algo intenso, mas sincero, que eu resumiria em perfeito. Obrigada por você ter me feito mulher de uma maneira que ninguém conseguiria fazer."
E fui ao banho.
Íamos jantar em um dos restaurantes mais conhecidos e caro de Fortaleza. Era algo chique, então mudei um pouco, e coloquei um vestido creme não muito curto, que combinava com meus sapatos novos. Ele me deixava mais alta, e mais esbelta. Deixei em cima da minha cama a minha roupa que iria sair com Dudu.

sábado, 24 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

- Não sei. Gostei muito do que aconteceu, mas não sei se é o que quero pra mim. Eu sempre gostei de garotas.
- Eu sempre disse que você estava se envolvendo demais com ele não foi ? Que ia deixá-lo apaixonado, e você não teria mais saída.
- Não precisa falar isso agora, já é tarde.
- Mas gata, você vai dizer pra ele, que é gay?
- Eu tenho que dizer. Mas não sei. Não sei como falar, sabe? Nem como ele vai agir. Sei lá, queria continuar ficando com ele, mas sinto vontade de ficar com garotas também, imagina ele me ver beijando uma mulher! Sem falar que tem a Bruna, que eu já estou para esquecer.
- Não tem solução então. Deixa como está, siga seu coração e faça suas vontades. Se for para ele saber, ele saberá.
- É, você tem razão.
- Mas mudando de assunto, hoje quero te levar em um lugar, pra comemorar teu aniversário.
- Mas ainda é dia de semana, não tem para onde ir. E meus pais também vão jantar comigo.
- Mas é mais tarde, de madrugada. Vamos ? Um amigo meu vai vir nos buscar no carro. É uma balada muito show, fui uma vez.
- Não, não quero ir.
- Mas você vai. Venho te pegar às 22:30hs viu? Agora eu tenho que ir, seus pais chegaram e eu não quero atrapalhar esse momento família. - eu ia saindo enquanto meus pais paravam o carro em frente a casa.
- Está certo.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Eu não sabia mais o que fazer. Eu era gay, e como um homem mechera comigo ? Isso era normal ? Precisava de respostas. Quando Wendel saiu do quarto, liguei para Dudu.
- Dudu, não vou à escola hoje, então você pode vir aqui em casa?
- Certo, apareço aí quando acordar, tchau.
Fui para o banho, e desci.
- Ainda temos que despertar não é ? Dia de escola hoje, e já são 11hs.
- É. Vou lanchar, e me arrumar para a escola.
- Você não quer ir se arrumar lá em casa? Nós iríamos juntos.
- Não, queria passar na casa de Raquel antes.
- Ah, ia me esquecendo! Tem rosas para você em cima do sofá. Seus pais mandaram, e pediram desculpas por ter te deixado sozinha ontem.
- Sim, sim. Eles apareceram ?
- Não. Eles foram pra casa de algum parente seu, que não sei o nome, e de lá iriam para o trabalho. Eles voltam à noite.
- Como você sabe disso tudo?
- Nós combinamos. Eles fizeram isso para que eu pudesse fazer sua "festinha surpresa".
Conversamos muito, mas não falávamos muito sobre o que acontecera naquela noite. Ele não viria mas hoje aqui em casa. Meus pais iriam querer jantar comigo.
Quando Wendel saiu, eu acabei dormindo.

Eram 15:00hs quando Dudu ligou para mim, pedindo para eu ir abrir a porta.
- Rosas? De quem é ? - ele pegou e abriu o cartão. - Não me diga que é seu aniversário hoje e você não me contou?
- É, eu não disse por..
- Parabéns amiga! Se eu soubesse tinha trago algo. Ah, mas vamos comemorar hoje viu? Não sei aonde, é semana, e tudo é parado aqui.
- Obrigada. Mas não precisa de comemoração.
- Claro que precisa. - ele parou e pensou algo, e arregalou os olhos.- Ah, já sei o que vamos fazer! Hoje você perderá sua virgindade. Pode ser com um homem, ou com uma mulher...
- Bom, foi por isso que te chamei aqui. - eu disse, interrompendo o que ele pensara.
- Desculpa linda, mas eu não gosto de mulheres.
- Eu sei Dudu. Calma. É que..
- Você ainda é virgem não é?
- Dudu, espera! Calma, me deiza acabar! Bom, ontem o Wendel apareceu na minha casa à meia-noite para me fazer uma surpresa. Meus pais sairam e nos deixaram à sós, pensando que ia ter uma festinha com muita gente. Acabamos indo para a praia e eu bebi demais. Quando voltamos, nós acabamos transando.
- O quê? - Dudu estava assustado, perdido em pensamentos.
- Você e o Wendel ?
- Foi. Não sei o que deu em mim, e fiquei com vontade de ficar com ele, e rolou.
- Meu Deus! Que loucura. Você estava tão bêbada assim ?
- Não, quando cheguei estava mais conciente.
- Vocês estão juntos, então ?
- Acho que sim. Mas ainda sinto a Bruna comigo, sabe? Muitas vezes eu pensava nela, que era ela comigo.
- Assim, Alê. Eu sei que você gosta demais dela, mas ela não quer nada com você. Ontem falei com ela no msn, e ela não quer falar no assunto. Ela disse que nunca sentiu nada por você. Era nada mais do que um fica. Só isso, pra curtir, e pra esquecer outra pessoa. Você foi apenas mais uma vítima de se apaixonar por uma pessoa que não quer nada com ninguém, só isso. A mesma coisa que eu sofri com o Vinicíus, lembra? E hoje, estou feliz, curtindo , beijando todos. Você é linda, muitos e muitas te querem. Basta você ceder. Você quer ficar com o Wendel ainda?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

- Está melhor ?
- Sim, sim. Obrigada mesmo Wendel, por tudo isso.
- Devia ter feito mais. Nem de hobby, e desarrumada você é feia. - quando ele disse isso, senti muita vergonha, e dei um beijo em seu rosto.
Nos abraçamos forte, e pela primeira vez senti uma coisa mais que afeto por Wendel. Senti uma vontade de beijá-lo, de realmente ser dele. Quando nos soltamos, acabamos nos beijando. Era intenso, diferente, mas era bom. Lembrei do primeiro beijo com Bruna, foram as mesmas sensações. Era algo bom, especial, apenas nosso. E tudo, todo o lanche enfim, ficou para trás. Nós subimos a escada, e fomos para meu quarto.
E aquela foi a primeira vez que eu tinha sido tocada, e era por um homem. Aquilo tudo foi muito bom para mim, cada momento, cada segundo.
- Quero que agora, possamos ficar juntos. Eu ser apenas seu, e você ser minha. Mostrar a todos que a fase de amizade passou, que agora é algo mais sério. - ele disse, no momento em que estávamos abraçados. - Me dá uma chance, por favor. Depois dessa noite, eu descobri que você também gosta de mim.
- Eu gosto de você, sempre gostei. Mas te via como um amigo, apenas.
- Agora me vê diferente?
- Acredito que depois do que aconteceu entre nós, não preciso dizer mais nada.
Ele me abraçou, e disse que ia ao banho, para esquentar o nosso lanche.


Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Eu lia aquilo com meus olhos cheios de lágrimas. Wendel acabara comigo naquele momento. Eu realmente tinha que acabar com aquilo o mais rápido possível.
- Eu escrevi essa música pensando em você. Ela ainda não está pronta no violão, mas a letra está sendo vista por alguém pela primeira vez.
Eu agora queria mesmo me apaixonar por ele. Ele realmente gostava de mim.
- Muito obrigada, mesmo. - eu falava, e ele limpava minhas lágrimas.
- Certo, mas agora me diz, para onde você tentava fugir ?
- Sei lá, queria ir para algum canto diferente.
- Hum, que tal uma balada gay ? Dizem que é divertido. - era muito divertido mesmo, mas não podia ir com ele, eu não iria conseguir me soltar.
- Mas hoje é terça-feira. Não tem balada alguma.
- Tem razão ... então vamos a praia ?
- Hum... vamos.

Eu me troquei rápido, e saímos. Eu teria que adiar mais uma vez a minha verdade.
Não havia lua na praia, estava muito escura. Sei que ele sonhava em que rolasse algo entre nós dois lá. E eu certamente não duvidara de mais nada. Aquela minha tristeza tinha passado com a presença dele, ele realmente me fazia bem. Será que eu estava gostando de um garoto?
Compramos dois litros de vinho para bebermos.
Ainda faltava meio litro da segunda garrafa quando eu comecei a sentir vertigem. Eu estava tonta, e muito enjoada.
- Ei, você está bem ? - Wendel me perguntava assustado.
- Não, deixa eu ir. - e saí para ir vomitar.
Não fui para muito longe. E logo Wendel vinha ao meu lado.
- Você bebeu demais. Se eu tiver bebido meio litro foi muito. - ele me segurava nas costas.
- Me deixa sozinha, não quero que você veja o que eu vou fazer agora. - quando fechei a boca, acabei provocando.

Estava fraca, e Wendel me levou para casa. Ele me fez tomar um banho, mas não estava comigo no banheiro, claro. Ele me esperava na cozinha, onde fazia um lanche para mim.
Vesti um camisolo por baixo do meu hobby e desci. Eram 3:30hs da manhã, e nós dois acordados naquela casa enorme. Ele terminava o suco quando cheguei.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

No papel tinha escrito:

queria ver teus olhos diferentes para mim
que você me olhasse não apenas mais como um amigo
queria ser especial para você
que eu não precisasse me esforçar tanto para te conquistar
você não sabe o que significa para mim

é mais como a necessidade do mar para se banhar
mais que a agua para se beber
mais que o calor para se esfriar
ooh dona do meu coração
olhe para mim, eu te peço

sorria para mim como se eu fosse único na terra
como se vivesse somente por mim
como se me amasse como eu te amo
como se eu fosse aquele dos teus sonhos
aquele pelo qual você mais esperou

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Wendel entrava com uma caixa embrulada com sapos (que eram meus animais preferidos). Ele ficou tão surpreso quanto eu, quando me viu.
- Não brinca que você estava pensando em fugir pela janela. - ele disse isso soltando uma risada alta.
- Shhhhh. Você vai acordar meu pais.
- Sua boba, se você não sabe, seus pais nem estão aqui. Eles liberaram a casa pra mim, pensando que viria muita gente fazer um aniversário supresa para você.
- O que ? Ai, eu não acredito, como você sabia.
Ele olhava no relógio, e de repente veio me dar um abraço. Um forte, e bem sincero. Fiquei emocionada quando ele fez isso.
- Parabéns. Você só merece coisas boas na vida. - e me deu o presente.
Eu gritei quando abri, e vi que eram os mesmos presentes que compramos no shopping. Era o que eu tanto queria, e o abracei novamente.
- Queria que você lesse isso alto pra mim agora. - ele me deu um papel, que estava de certa forma, amassado. - Desculpa pelas tantas dobras, mas era porque eu ainda decidia se te entregava ou não.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Fiquei arrasada, não tinha como não ficar. A pessoa que eu estava encantada, ignorava os assuntos quando se tratava de mim.Lembrei novamente do dia de amanhã, ainda era terça-feira, então Wendel não viria comigo.Deitei na cama, pensando em tudo, e principalmente naquilo. Poxa, eu estava perdendo meu tempo correndo atrás de uma pessoa, que nao estava nem aí para mim ? Queria esquecer aquilo, e como faltava poucas horas para eu completar 17 anos, saí de casa. Meus pais estavam dormindo, eu sairia sem fazer barulho, e eles nem perceberiam. Mas para minha surpresa, a porta estava trancada e as chaves não estavam no lugar que eles sempre guardavam. Com certeza eles tinham se tocado que eu ia fugir para não receber nada deles. Mas eu era persistente, então pensei em fugir pela janela. Cairia no jardim, e daria para atravessar o portão principal. A altura era grande, então teria que amarrar panos, e tentar descer. Amarrei dois lençóis, mas não tinha onde prender e não ter perido de cair e me machucar. No momento em que eu estava atrás de descer minha porta se abrira.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

- Você costuma fazer isso sempre ? - ele me perguntava enquanto entrávamos.
- Não, normalmente, quem vem aqui é minha mãe. Todo natal ela vem. Ano passado eu não mandei nada, então resolvi vir aqui.

Estavámos em uma instituição que ajudava crianças carentes. Era minha primeira vez ali, e era muito triste. Uns homens que trabalhavam lá, pegaram a bolsa de roupas. As crianças enquanto viam aquela quantidade, se emocionavam. Eu chamei algumas para tirarem fotos. Eu vestia as meninas, e Wendel ficava admirado com os meninos. Fizemos até um desfile, no qual as crianças vestiam minhas antigas roupas e sapatos. As fotos ficaram lindas. Ficamos lá até 11:0hs, pois iríamos para a escola. Eu não tinha chorado para minha surpresa.

- Isso foi umas das coisas mais bonitas que fizemos juntos. Não conhecia esse seu espírito solidário.
- É, isso foi a única coisa que tenho dos meus pais.

Passei a aula toda dormindo. Naquela escola não tinha amigos, então ficava isolada lá atrás, com apenas meus fones de ouvido. Nenhum professor tinha o que reclamar, minhas notas sempre eram boas.
Meus pais não iam me buscar naquele dia, então eu iria à pé mesmo. Era um caminho não muito longo, daria para aguentar. Estava perto de casa, já na esquina, quando Bruna passa de moto com seu pai. Ela virou o rosto de minha direção quando me viu. Senti a dor no peito novamente, mas fingi ser forte e virei o rosto também.
Cheguei e me deitei na cama, dormindo até às 21:00hs. Eu ia jantar naquela hora, sozinha. Enquanto o jantar esquentava, deixei o computador ligando. Diego, amigo de Bruna estava online no msn. Falei com ele sobre a história, pedindo ajuda
.- Bom Alê, falei com ela, e vou te mandar o que ela respondeu.
* eu não quero falar nela. ela se iludiu demais, e agora está triste, mas a culpa não é minha.
* nós nunca namoramos, foi um fica por algum tempo, mas não namoramos. tudo foi coisa da cabeça dela.
- Sinto muito, eu tentei. - ele disse, e eu senti sinceridade nas palavras dele.
- Está bem, obrigada ainda assim.

Porque não se escolhe quem se ama / cont...

Enquanto ele vinha, eu tomava um banho. Minha mãe apareceu no meu quarto, avisando que estava de saída.
Passei cerca de trinta minutos no banheiro tomando um banho. Precisava me preparar toda hoje. Quando saí, vi Wendel parado no portão, então desci para atende-lo.
- Só tu pra me acordar nessa hora, viu ? - ele dizia com uma cara de muito sono.
- Você me mandou uma mensagem essa semana dizendo que era um rapaz responsável, esses rapazes devem acordar sempre cedo.
- Fala logo o que era. - ele dizia enquanto subíamos para meu quarto.
- Bom, eu não dormi nada essa noite, e me levantei às 5hs da manhã. Arrumei meu guarda-roupa e como não tinha o que fazer, eu te liguei para vir me fazer companhia.
- Não, você está brincando não é ?
- Não.
- Menina, eu passo a tarde na escola, e você também. Então acho melhor nós estarmos dormindo nessa hora.
- Não. Eu queria te pedir para ir comigo em um lugar especial.
- Onde?

Wendel esperou eu me arrumar, e saímos de casa 9:15hs. Eu peguei a moto de meu pai, e dei para Wendel dirigir. Ele era de menor também, mas arriscamos.
Quando chegamos ao local onde eu tanto queria ir, coloquei meus óculos escuros, pois sabia que eu ia acabar chorando.

sábado, 17 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 15

Levantei da cama 5:00hs. O tempo ainda estava escuro, e chovia. Quando olhei para o calendário, lembrei que a pior data do ano era no dia seguinte, dia do meu aniversário. Como nos dois últimos anos, eu escolheria uma viagem, sozinha para algum lugar. Ano passado fiquei sozinha na casa de praia de minha mãe, em Morro Branco. Ela e meu pai foram apenas à noite, mas eu dormira cedo para não receber parabéns, mas no outro dia, eles esperavam por mim, e cantaram na hora que levantei da cama. Esse ano, teria que arrumar algum lugar para ir. Agora tinha amigos, e para minha sorte, eles não sabiam a data de meu aniversário. Eu os chamaria para algum lugar, bem distante, talvéz para o interior.
Acabei arrumando meu guarda-roupa, para ocupar tempo. Meus pais ainda dormiam. Como eu dormia em cima, liguei o som bem alto. Eles não se importavam mesmo comigo, então por quê eu ligaria em acordá-los?!

Peguei alguns tênis que não cabiam mais em mim, e algumas roupas que eu nem usava mais. Coloquei todas dentro de uma bolsa. Como Wendel era um rapaz responsável, eu teria que acordá-lo cedo também. Era 7hs da manhã na hora que terminei. Liguei para a casa dele, com certeza a mãe dele já estava acordada.
- Oi senhora Gomes, aqui é Alexandra, a amiga de Wendel que foi aí outro dia.
- Oi querida, tudo bem ?
- Não, aconteceu um problema e preciso falar com Wendel agora, tem como a senhora chamá-lo, ou ele ainda dorme ? - inventei na esperança dela não ficar tã preocupada e chamá-lo.
- Ainda está dormindo, mas espera que vou acordá-lo. Espera um minuto na linha.
Eu fiquei esperando um minuto exato, e Wendel atendeu ?
- Fala. - a voz dele era cansada e sabia que ele se estressaria se eu dissesse que era nada.
- Vem aqui em casa, rápido.
- Precisa ser agora?
- Sim, é urgente.
- Certo, vou só tomar um banho.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 14

E apenas percebi que ela tinha desligado o telefone na minha cara.
Eu chorava demais, não aguentava aquilo. Como eu pude ser tola ao ponto? Liguei para Wendel, chamando ele para vir para minha casa, mas ele estava com o celular desligado, e lembrei que tinha descarregado no shopping.

Não consegui dormir naquela noite. Estava triste, desencantada. Era muito ruim ouvir as palavras que eu ouvi de Bruna, era mais que ruim, era muito doloroso. Era como uma faca atravessando meu peito, saber que a pessoa que, apesar do pouco tempo, esteve com você, só te usou para ciúmes, para esquecer outro alguém. E eu sabia que estava começando a usar Wendel para a mesma coisa, e isso era bastante ruim.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 13

- Oi.
- Oi Alexandra, é a Bruna. - eu tinha me esquecido que ela ia me ligar.
- O que você fez comigo não foi legal. Por que você não me disse naquela hora que eu te liguei? Eu não ia ficar tão mal quanto estou agora.
- Me esculta. Eu gosto demais de você, muito mesmo, mas poderíamos esquecer o que aconteceu ?
- O que ? Jamais! Não, não.
- Você tem que aceitar, é o melhor para nós duas.
- Não, claro que não vou esquecer. Jamais. Por que você fez aquilo ? Era para pisar em mim ? Era isso ?
- Não, nunca quis isso. Mas você confundiu demais. Era para ser só um fica...
- Então por que você aceitou ficar mais sério comigo ?
- Porque eu estava tentando esquecer minha ex, fazer ciúmes a ela. Eu não sabia que você estava apaixonada mesmo. Mas agora percebi o meu erro, a burrada que eu fiz.
- Como você não sabia o que estava sentindo ? Como ? Você me usou ? - eu me acabava de choros, e já gritava de raiva.
- Ela veio conversar comigo ontem, e voltamos. Sinto muito. Então agora , esquece o que passou está bem?
- Não. Não. - eu gritava e chorava.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 12

Estava neblinando quando saimos de casa, então andamos o mais rápido que pudemos até a casa de Wendel, pegaríamos o carro da mãe dele.
No shopping tinha muita gente, e já era tarde, já passava das 19:00hs. Como ele disse que eu me sentisse à vontade, e comprasse algo como se fosse para mim, fomos logo em uma loja de livros. Acabamos comprando a coleção de "Crepúsculo", segundo Wendel, ela gostava desses livros. Realmente, não havia livros tão bons na minha opnião, pena que eu nunca li todos, apenas o primeiro, e o começo do segundo. Depois, para completar, fomos comprar um filme, e escolhemos "Romeu e Julieta" na versão mais antiga. Eu que escolhi, pelo que eu tinha lido, era muito lindo. Até pensei em comprar um no cartão de minha mãe, mas Wendel disse que achava que tinha um desses em casa. Depois ainda tentamos pegar um cinema, mas a fila estava enorme, em todos os filmes, então fomos para casa.
Chegamos por volta das 22:00hs e ficamos olhando o tempo passar na calçada.
Quando eu entrei, já eram 23:30 , e fui tomar um banho para dormir. Enquanto arrumava minha cama, meu telefone tocava. Era confidencial, e atendi pensando ser Wendel.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 11

Liguei para ele, que atendeu no primeiro toque. Eu expliquei o porquê. Ele percebeu minha voz triste, e me perguntava o por quê. Eu disse que não era uma conversa para se falar no telefone, e pedi para ele ir à minha casa. Eu contaria a ele sobre minha verdadeira opção sexual. Não sabia como.
Ele chegou em menos de 10 minutos.
- O que aconteceu ? - ele disse , sentando do meu lado na cama tentando me beijar, e eu o afastei.
- Eu gosto de outra pessoa, e essa pessoa está me fazendo mal demais. Por isso que eu te tratei mal naquele dia. A gente começou a namorar, e eu não queria que você soubesse. Mas hoje, eu tive a decepção de ver a pessoa com outra. - eu parei, ia contar ? Ou não teria corangem ?
- Eu sabia que havia outra pessoa. Sempre soube, mas queria negar isso para mim, o tempo todo, fingir que não era real. Mas mesmo assim, Alê, - ele segurou meu braço e me olhava nos olhos, bem perto do meu rosto - eu gosto de você , e não ligaria ser um namorado, amante ou apenas um ombro amigo como sou agora, eu só quero estar perto de você.
Eu comecei abraçar ele , e chorava. Eu não teria coragem para contar para ele agora. Deixaria passar.
Ficamos conversando, e eu contei a ele desde o princípio. Por fim, ele disse:
- Você ainda quer essa pessoa ?
- Eu confesso que não sei. Preciso ouvir o que a pessoa tem a dizer.
- É. Mas se ela dizer não, você vai pra outra ?
- Acredito que sim.
- Estou aqui, certo ?
- Eu sei, e te agradeço muito por isso. - eu disse, beijando as mãos dele.
- Sempre vou estar, está bem! Olha, agora, quero muito que você venha comigo ao shopping, eu preciso comprar um presente para a filha da minha mãe. Minha mãe disse que seria legal eu te chamar, você saberia um gosto assim para uma menina da sua idade.
- Mas tenho que saber como ela é, o gosto dela.
- Parece muito com você, o jeito, em tudo se parece contigo.
- Comigo? Desculpa, não é querendo ser "otária", mas ninguém parece comigo.
- Mas ela sim, vamos logo.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 10

Ele me vestiu e saiu comigo. A gente ia na casa de Vera, e de lá iríamos na casa de Bruna.
Vera não estava em casa, então fomos direto para a casa de Bruna.
Quando viramos a esquina, ela estava encostada na calçada, beijando-se com uma garota que estava de costas para nós. Eu caí em choque. E lá vinha Vera para nossa direção, olhando para onde olhávamos. Sentei em um banco, na pracinha onde ficamos, e comecei a chorar.
Acabei contando para Vera o que tinha acontecido, e ela chamou Bruna para conversar. Bruna disse que não queria conversar, e depois me ligaria. Me deu vontade de ir falar com ela, mas Dudu não deixara.
Fomos para a casa de Vera, e conversamos por horas. Ela nos contou o motivo pelo qual tinha sumido, era porque estava numa fase bem legal do namoro, no qual ela tinha sido apresentada aos pais da namorada. Quando me toquei, já eram 17:40 e fui para casa.
Meu celular tinha ficado lá, e nele havia 8 chamadas não atendidas, fiquei na esperança que ainda poderia ter uma de Bruna, mas eram todas de Wendel. E ainda havia uma mensagem que me fez sorrir, também dele.

"Queria saber se você ainda está viva. e liguei várias vezes, mas você não me atende. Adorei ter passado a noite com você ontem, e espero que eu tenha conquistado mais um pouco de chance com você. Por favor, assim que puder, me liga. Estou esperando. Você só tem até às 19:00hs, se não me ligar, juro que irei em sua casa, mesmo que você não queira."

Eu ria e chorava. Por que eu gostava de Bruna, e não de Wendel ?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 9

Eram 12:00hs quando eu acordei. Wendel não estava mais lá, e tinha deixado um bilhete.

"Tive que sair cedo, fazer compras. Sabe com é, rapaz responsável. Me liga quando acordar. Beijo"

Eu sabia que ele estaria mais iludido hoje. E isso não era bom. Teria que ligar para Bruna para falarmos. Dessa vez chamou e ela atendeu quando eu já ia desligar.

- Oi Alexandra. - o tom de voz dela estava um pouco estressada.
- Oi, como você está ? Eu tentei falar com você ontem, mas você não atendeu e depois desligou o celular. O que houve ?
- Estou bem. Estou muito ocupada, certo?
- Mas hoje é domingo. Não podemos nos ver?
- Não. Tem gente na minha casa, e tenho que ficar aqui. Tenho que desligar, tchau.
Ela desligou sem nem esperar o que eu tinha que falar. Isso me magoou. Será que eu fiz algo e a magoei ?
Tomei um banho, limpando lágrimas que desciam do meu rosto.
Quando sai do banho, Dudu estava na minha cama, com duas sacolas de compras. Eu o abracei forte, com os olhos escorrendo lágrimas.
Contei a ele o que tinha acontecido na última semana. Ele ficou chateado com minha atitude com Wendel ontem.
- Alê, você está usando ele, não percebe? Está na hora de você falar a real pra ele. Porque ele vai se decepcionar bastante quando descobrir.
- Eu sei Dudu.- e voltei a chorar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 8

- Sabe Alê, você em meus 17 anos foi a única garota que eu me interessei de verdade, que me fez feliz de verdade. - ele me olhou nos olhos. - Queria tanto que um dia você sentisse por mim o que eu sinto por você, queria mesmo. Sei que esse dia vai chegar, por isso não desisto de você, fico aqui até você me colocar em seu coração. Eu quero um dia contar nossa histórias para meus filhos e netos, que também poderão ser teus.
- Ai..
- Eu nunca vou te fazer mal, prometo. Nem que você tenha feito a maior burrada do mundo. Eu sempre vou te perdoar e te apoiar. - quando ele falou isso, eu não resisti, e o beijei. Acabei lembrando de Bruna, e me aprofundei mais no beijo.
Depois de um longo momento, paramos e eu disse:
- Sabe, quando eu era novinha, uns oito anos, eu acho, eu sonhava com alguém falando isso para mim. Depois esqueci, e você me aparece falando isso. Se um dia eu te magoar, sei lá, ou tiver raiva de você, saiba que todas as minhas palavras foram sinceras, em nenhum momento eu menti para você.. Nem quando disse na primeira vez que nos vimos, que eu disse que você fedia.
Ficamos apenas conversando depois disso, relembrando tudo. Quando nos demos conta, já era 3:00hs da manhã, e ficamos ouvindo músicas no mp4 dele e dormimos.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 7

O quarto dele era de um azul marinho, minha cor preferida, com os cômodos brancos. Era arrumado, cheio de filmes e livros jogados em cima da cama.
- Ah, aluguei esse filme no dia em que fiquei chateado com você , sabia que você queria assistir.
Então ele me passou "Antes que termine o dia". Fazia meses que queríamos ver esse filme. Olhamos em umas lojas em Fortaleza, não muitas, e sempre estava em falta. Era um filme antigo, mas pelo trailler , era um filme perfeito.
- Ca-ram-ba. Cara, eu te amo. - então abracei e dei um selinho, assim como faço com meus amigos íntimos, e aí depois pensei que tinha mesmo feito besteira. Ele não me via como meus amigos me viam.
Ficamos no chão, eu deitada nas pernas dele, e ele, acariciando meus cabelos.
Permanecemos intactos até o fim do filme. Depois, ele foi me deixar em casa.
Já passava das 22:30 quando fomos para minha casa. Eu tinha convidado ele para dormir comigo naquela noite, eu não tinha pressentimentos bons depois dali, e ele foi. Meus pais estavam vendo tv na sala, e não ligaram quando passei com ele para meu quarto.
Ele dormiu comigo naquela cama que nem era de casal, nem de solteiro.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 6

- Ei! - quando eu andava, Wendel gritava e corria para onde eu estava. - Desculpa, sério mesmo, desculpa, mas é que Alê, eu tenho sentimentos. Poxa! Você me trata mal e aparece na minha casa assim, quando se vê sozinha ?! É isso que eu sou para você ? O cara que está ali quando você fica triste, sozinha ? - eu nunca tinha imaginado que ele percebera, que ele era isso para mim.
- Desculpas Wendel, se fiz isso com você não foi minha intenção. - eu virei as costas e saí.
- Não, espera. - ele já se colocava na minha frente.
Eu parei, e ele limpara as lágrimas que desciam dos meus olhos.
- Eu peguei pesado falando assim. Desculpas. Entra aqui comigo, eu estou só de short, e tem gente me olhando estranho aqui. - então percebi que tinha muita gente na praça. E fui com ele.
Aquela foi a primeira vez que fui à casa dele. Era mais linda ainda por dentro. A mãe dele ficou contente ao me ver, acho que ela pensava que era namorada dele também. Eu não me importava, era até legal, ser chamada de futura nora. Nós lanchamos e conversamos um pouco com a mãe dele. Ela era bem legal, e naquele momento, vi que eu realmente estava fazendo besteira em fazer essas coisas com Wendel. Pelo jeito que ele me olhava, ele realmente estava gostando de mim. Pena que não escolhemos por quem se apaixonar. Mas eu torcia que ele encontrasse alguem bacana um dia para ele.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 5

No sábado, ela não estava lá. Liguei para ela, mas ela não atendeu as duas chamadas, e na hora que liguei pela última vez para ir à casa dela, o telefone estava desligado. Então eu percebi, ela não queria falar comigo. O que eu tinha feito ? Fiquei pensando. Era uma noite de sábado e eu sozinha? Como ? Não! Não podia isso. Fui à casa de Dudu, que tinha viajado. Vera tinha saído. E por fim, pensei em Wendel. Hoje bem que eu poderia pegar um filme e ver com ele, eu sabia que ele adorava aquilo.


- Oi , o Wendel está ? - a mãe dele que atendera o telefone. Eu já estava no portão de fora da casa dele.
- Sim, um minuto.
- Tudo bem. - fiquei esperando. O que ele fazia para demorar tanto à me atender ?
- Alô ?
- Oi Wendel, é a Alê.
- Diz. - o tom dele não foi normal. Será que ele estava doente ?
- Vem aqui fora, estou no portão da tua casa.
- Não dá. Tchau. boa noite. - ele disse e desligou o telefone.
Nossa! O que eu tinha feito, para todos sumirem da minha vida? Fiquei parada, e depois subi o capuz da minha blusa. Meus olhos já eram cheios de lágrimas.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 4

Eu tinha marcado o encontro para às 20:00hs , ela iria me esperar na esquina. Eu vesti minha blusa listrada que Wendel me deu no dia do meu aniversário, e uma saia. "Digna mocinha patricinha" , disse para mim quando me olhei no espelho. Eu estava em cima da hora, então não daria mais tempo para trocar de roupa.
Fui ao encontro. Ela também parecia uma "digna patricinha" com uma calça azul que colava bem em suas pernas grossas e uma blusa branca frouxa.

Caminhamos em silêncio até a casa dela. Não ficamos na calçada, mas sim numa pracinha com parque que tinha na esquina. Lá foi a primeira vez que fiquei com Wendel. Está bem, chega de lembranças do Wendel não é ?!
Ela falava bastante, nem parecia aquela menina tímida que mostrava ser quando ficava com Vera. Ela era bem legal , à princípio. Falavámos de filmes, e até marcamos uma sessão para duas semanas que estava por vir.
Ficamos conversando por volta de uma hora. E quando nos despedíamos , ela me beijou. Espera! Eu não esperava aquilo de Bruna. Pensei que era amizade. Não que essa atitude dela me deixou com raiva ou triste, mas sim, surpresa, e detalhe, eu gostei demais.
Depois disso, não era mais despedida, era mais um fim para um novo começo. Ficamos conversando até às 22:30hs. Pelo visto, ela também gostara de ficar comigo, e queria também investir naquilo. Um dia depois, ela me ligou e ficamos conversando bastante. Eu estava afim dela e ela de mim, mas parecia que ela tinha medo de se envolver comigo agora. Mas no fim, eu pedi ela em namoro, que aceitou. Nada para ser contado à niguém, era algo só para nós duas. Meus amigos ainda não sabiam, passei aquela semana sem vê-los. Wendel aparecia lá em casa, mas eu fingia sempre não estar legal. Certo dia, ele até insistiu em cuidar de mim, mas eu fui ignorante para ele se tocar e ir embora. Isso foi numa quarta, hoje já é sábado, e Wendel não me apareceu mais. Eu sentia falta de tarde, porque meus pais saiam para trabalhar na agência deles, e eu ficava sozinha, sem Bruna, que dizia estudar. À noite, eu disse e não "pedi" aos meus pais que iria ficar na esquina.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 3

Saí com muitas meninas assim. Então não me sentia nervosa, nem nada mais. Nunca tinha rolado nada com ninguém, ficava só na amizade mesmo. Era algo comum.

Pelo fato de eu ser gay, isso não significava que eu não me maquiava, não usava saia, nem outras coisas. Quem não me conhecia, nem imaginava que eu era gay. Abusava de acessórios e tudo mais. Isso eu ajudava as minhas amigas gays para irem para as baladas. Elas se vestiam femininas e conquistavam quem queriam.
Quando eu conheci Vera, Raquel e Paula, elas tinham um estilo pesado, e acho que isso assustava as garotas que não ficam com mulheres assumidamente. Usavam roupas estranhas, e cabelos assanhadas, como se elas nem se importassem mais com a vida, com se ser gay, fosse algo para você andar totalmente bagunçada. Eu as mudei, troquei aqueles pircengin pesados por uns mais estilosos e femininos; calças estranhas por saias e bermudas da moda. Assim, elas sempre chegavam dizendo que tinham beijado várias. No começo, Paula era interessada em mim, eu até ficaria com ela, quando ela ficasse mais arrumadinha, só que quando ela se tornou mais bonita por conta de minha ajuda, ela já me via como uma amiga, que não rolaria nada. Com elas, e dois amigos nossos, Dudu e Carlin, eu acabei me soltando mais, tendo mais liberdade. Criei minhas opniões. Juntos, começamos à beber com 15 anos. Eu fui a primeira, numa brincadeira com uns garotos numa festinha. E desde então, é meu point todo final de semana. E foi nesses momentos que Wendel me apareceu. Dudu testou para ver se ele era gay, mas ele não mostrava isso. Nesses momentos que Carlin se apaixonou e foi embora para São Paulo atrás de seu amor, e Paula assumiu ser gay para seus pais, que mandaram ela embora para a casa dos tios em Florianópolis. Eles colocaram culpa em nós, e até faziam escândalos quando passávamos na rua deles.
Paula entrava em contato com a gente sempre, dizendo que ia trabalhar ao invés de ir para a escola e arrumar dinheiro para voltar pra cá. Duas semanas quando completou três meses de sua ida, soubemos que ela foi morta por estar envolvida com drogas. E nunca mais vimos sinal da família Lopes nas redondezas. Alguns dizem que eles foram morar em Portugal, outros já dizem que eles se mataram. Eu não sei dizer.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 2

Mais uma tarde sozinha. Meus pais estavam na sala, mas eu estava no meu quarto que era meu mundo, meu aconchego. Wendel ainda se dispôs para vir para minha casa, mas eu não quis, disse que estava com fortes dores de cólicas ( que era verdade na hora que ele ligou ). Sem nada a fazer, fui mecher na internet, algo que me servia para nada. Bruna estava online, e veio falar logo comigo no msn. Tinha que arrumar um jeito de falar para ela que Vera encontrava-se apaixonada por outra.

- Oi Alexandra. - ela falava bem simpática. Ai meu Deus.
- Oi Bruna, tudo bom?
- Sim, e contigo ?
- Estão boas.
- Namorando muito ?
- Não, não.
- Você está namorando com aquele branquinho é ?
- Não, ele é meu amigo.
- Mas você é gay ?
- Sou sim.
- Ah. Você já sabe que eu e Vera terminamos de vez não é?
- Sim, sei sim. Sinto em te dizer, mas ela está com outra pessoa agora, e está feliz.
- Não, tudo bem. Não era esse o ponto que eu queria tocar.
- Ah não ? Desculpa.
- Tudo bem. É porque eu queria sair contigo pra gente se conhecer melhor.
- Hum, claro.
- Hoje à noite vai ter dance na clube da minha rua. Você não quer vir ?
- Hoje não dá, estou naqueles dias.
- Sim, eu sei. Mas não iriamos para lá. Você poderia vir pra cá, e ficavamos conversando na calçada mesmo. - ela morava apenas um quarteirão daqui. Cansei de ir com Vera pra lá.
- Está certo.

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 1

Vera, tinha acabado de terminar o relacionamento que Bruna. Não era uma questão de relacionamento sério, era mais um fica. Elas nem se gostavam, era mais por curtição, ou talvez até por falta de opção. Vera, enfim tinha encontrado alguém que ela realmente gostava e que gostava dela. Uma semana depois Bruna me adiciona no msn. Imaginava que era porque ela queria voltar com Vera e queria minha ajuda. Confesso que pensava assim... mas bem, pensei errado. Muito errado.

Era mais um tarde quente em Fortaleza. Fazia uns 32º lá fora. Era um ótimo momento para eu poder pegar um sol ( todos falavam daquela minha palidez dos ultimos dias ), mas aquele ciclo menstrual me proibia disso. Todos estariam lá, menos eu e Wendel (que inventou que estava com dor de cabeça para mim, mas disse para Vera que era porque não teria graça sem a minha presença lá). Wendel foi um garoto que fiquei por conta de uma aposta. Apesar de ser gay, já fiquei com meninos, mas só em situações de precisão, ou de total falta de consciência. Por conta dessa aposta, Wendel não desguda do meu pé, tenta sempre me agradar e conquistar. Ele acredita que um dia eu vou me tocar e ficar com ele. Ele tenta muitas vezes se afastar de mim, para eu sair correndo atrás dele, mas eu não vou, nem bebendo todas. Ele era um cara bonito, legal, e muito meloso. Um verdadeiro príncipe, como as meninas costumam chamar. Já tentei arrumar meninas para ele, mas não adianta. Não sei o que ele viu em mim! Acho que talvez contar sobre minha opção sexual ele poderia se tocar, mas eu não ia gostar de ficar sem um cara para me pertubar de noite. Afinal, só ele era minha companhia noturna, já que meus pais não me deixavam sair na semana. Eles até pensavam que erámos namorados.Certa vez, Wendel disse que falavam de mim onde ele estudava, dizendo que eu era gay. Neguei e o beijei para disfarçar, só que ele se empolgou e eu disse que era a hora dele ir para casa. Meus amigos gays achavam que eu era forte para aguentar aquilo, mas era minha única saída. Afinal, nunca fiquei com uma menina.

Porque não se escolhe quem se ama / Prólogo

A lei da atração nunca proibiu de você se apaixonar por alguém do mesmo sexo que você. Não até no momento que comecei a escrever.

Aos 12 anos percebi que não gostava de brincar com bonecas, mas sim de futebol com meninos.
Aos 13, meus amigos eram todos meninos. Apesar do meu jeito feminino de vestir-me e comportar-me.
Aos 14, senti vontade de namorar, só que foi com uma meninaAos 14, descobri minha sexualidade, mas não disse à ninguém. Continuei com aquele jeito feminino que minha mãe sempre me tratou.
Aos 15, mudei minhas amizades. Era amiga de pessoas que viviam nesse mesmo mundo que eu. Um mudo em que meninas gostam de preto, e homens de rosa.

P.S.: não levem essa questão de cores a sério, é mais um modo de falar.

Aos 16 ...

domingo, 21 de março de 2010

Previsões de uma próxima geração ...

Bom, o mundo mudou, as coisas em geral mudaram. Tudo foi trocado pela tecnologia. Isso é bom ? Talvéz sim, talvéz não. As coisas se tornaram mais fáceis, porém deixou o ser humano mais preguiçoso, menos romantico. O ser humano acabou trocando livros de filósofos por salas de bate-papo na internet; cartas de amor por recados em orkut; conversas olho-no-olho por conversas no msn; palavras sinceras, por recados copiados e colados no orkut. Um mundo virtual que faz pessoas esquecerem da vida real. E a gente ainda se apaixona , mesmo muitas vezes a pessoa mentindo sobre o que ela é né ? O mundo está se tornando louco por conta desse vício chamado internet. Casamentos, namoros, amizades.. tudo sendo arranjado pela internet. Tudo acontecendo pela tela de um computador. Acredito que ainda há quem se apaixone pela internet, mas não acho interessante você abandonar a oportunidade de conhecer alguém que você possa tocar, abraçar, beijar, sentir o arrepio da pessoa falar no seu ouvido, por uma pessoa que a foto é tudo que você sabe de como a pessoa é. E como eu disse em uma outra postagem, a tendência é piorar. Imagino que daqui há alguns anos, possamos nos casar pela internet, ter filhos virtuais... Uma geração que não precisará sair de casa para comprar, estudar, namorar, ou outras coisas... ou seja, uma sociedade que não saberá aproveitar a vida como deve ser aproveitada.

sábado, 20 de março de 2010

Às vezes a sorte lhe sorri, e o sentimento acaba.


Vai chegar a hora que ele perceberá um vazio, e esse vazio é a sua ausencia. Aquilo que ele tanto reclamava , lembra ? Que ele fazia questão de pisar em cima pra mostrar que era melhor que você. Que queria que você se tocasse que você não era nada pra ele. Era apenas uma abelhinha, enchedo o ouvido dele de barulho. E aquele barulho, na verdade, era suas declarações. Você lembra que ele te deu as costas, disse na sua cara que não queria ler o que você escrevia pra ele porque tinha preguiça, e aquilo nada interessava à ele? Lembra, naquele momento você sentia dor, muita dor ao sentir teu coração sendo partido, e ficando vazio. Ele ria quando você ia tirar satisfações dessas atitudes, ele saia de perto quando você chegava, e por que ? Porque você gostava dele. Você não podia nem sentir nada por ele né ? Ele achava ruim. E dá as lembranças dos momentos em que você faria tudo pra ter ele, e ele dizia "cai fora, eu só quero distância..." . Isso doía, e você ainda queria ter ele né ? Você insistia em tentar fazer essa história dar certo, e teus amigos te chamavam de louca. Até você reconhecia isso, lá no fundo, mas era fora de si. Passa pela cabeça agora os momentos em que você deixava de comer porque se achava gorda, e sabia que era por isso que ele não queria estar do teu lado. Você ainda chegou no ponto de ficar com meninos, porque não era ele. Chegou ao ponto de que você nem se concentrava nas aulas, só sabia escrever o que sentia por ele. Nesse tempo, a dor não era ruim, já era algo prazeroso de sentir. Algo que você fazia questão de ir atrás para sentir. E você foi chamada de masoquista. E ele fazia questão de não se importar com você. Lembra agora do momento que a morte era a solução ? E você dizia "Esse amor vai durar para sempre.".
Hoje, você não sente nada. Você nem faz questão de falar o nome dele, como antes fazia. Você nem se treme mais quando vê ele, nem chora à noite, nem espera por um telefonema, nem vai atrás dele, como sempre fazia. Hoje, você é diferente. E ele percebeu. Ele notou. Ele viu que agora não tem mais a menina para rezar por ele à noite, para perseguir ele, para ficar buscando informações da vida dele sempre. Hoje ele viu. Hoje você passou por ele, tão diferente, sem implorações, sem cara triste, apenas passou sorrindo com as amigas, nem olhando para ele. Nisso, na diferença , ele sentiu que TE PERDEU. Hum, que triste! Mas você não liga. A dor dele talvéz seja boa pra você. Te dá a vitória que um dia você conseguiu ser feliz. Esse dia é hoje. E ele, que se lamente. Seu tempo passou. Você agora tem o que fazer, ao invéz de ficar chorando por ele né?

Um mundo que te dá tudo que você procura .


A internet apesar das coisas boas que ela nos trás, ela também é cheia de truques, de pessoas ruins do outro lado do computador. Pessoas que te influenciam a se matar. É, infelizmente, essa é a nossa realidade. Há sites no meio do mundo virtual que te ensinam uma melhor maneira para morrer. O brasileiro jovem, Vinicius, conhecido no mundo virtual como Yoñlu, sofria depressão, e foi estimulado por pessoas que não existem à morrer. Agora eu me pergunto, e pergunto à você :
DESDE QUANDO POSSO CHAMAR UMA PESSOA QUE FAZ ISSO DE HUMANA ? Uma pessoa vê outra querendo se matar, e você estimula? Você dar dicas da melhor maneira ? O que é isso ? Que tipo de ser faz uma coisa dessas ? Depois dizem que os animais são irracionais, mas na verdade, tem muito seres humanos que são totalmente irracionais, desumanos. Sei que se tentasse dizer que não valeria à pena, ele não te daria atenção, mas por quê não chama a polícia, avisa à família ? Por que ? O que custa ? É prazeroso assim ver uma pessoa digitando na internet que vai se matar m determinada hora ? Mostrando fotos e perguntando a próxima instrução ? É prazeroso ? Prazeroso para uma pessoa doentia, desumana, que não sabe o significado de humanidade. Que nasceu para viver sozinha nesse mundo, pois quem não ajuda, também não merece ser ajudado.
Como uma pessoa diz isso à outra : "O mundo seria bem melhor sem você nele." ? Como ? Influências para pessoas fracas gente. Serio mesmo. Essas pessoas que "ajudam", são pessoas sem CARATER. Pessoas que não tem coragem de mostrar a cara para os outros, e ajudá-las à sair do mundo depressivo. E pessoas para mim sem carater, são pessoas descartaveis para viver.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O tempo de uma criança inocente ...


Que criança dos anos 90 não acompanhou Chaves, Tom e Jerry, Teletubbies, Power Rangers, Bananas de Pijamas ... Que criança não chorava por um Tamagotchi, Mini Game... os meninos com as baladeiras de um lado, e as meninas com as bonecas de outro...
Ai como era bom... não queria ser criança nesse novo milênio, mas sim naqueles tempos. Era muito bom, tempo em que crianças não vinham maldades nas brincadeiras de "papai e mamãe"... Ai, bate uma enorme saudade de ficar com raiva porque o Tom sempre era o culpado... Pena que as crianças d hoje não podem aproveitar esses momentos de brincar de amarelinha na rua, aprendia a andar de bicicleta na rua e depois de levar muitas quedas, ia limpar as "perebas". Putz, era bom demais. Naquele tempo não tinha orkut, msn.. tinha os diários. As meninas adoravam o Chiquititas, e os meninos Dragon Ball Z. A gente fazia aqueles questionários e passávamos de mão à mão para saber da vida da pessoa. Eram mandadas cartinhas , e não recados no orkut para uma pessoa, dizendo que gostava dela. Maquiagem era coisa pra gente grande, e não para qualquer criança. Ouvia rádio e dançava com "Bom xi bom xi bom bom bom". Ai como era bom, esse tempo. Pena que não volta mais né? O pior que tudo indica que as coisas vão evoluir mais, e brincadeiras de crianças inocentes serão totalmente extintas. E nisso tudo, só vai restar saudades de um tempo que você era feliz.
Vejam esse vídeo , e relembre os bons tempos : http://www.youtube.com/watch?v=j_IrzJ5_lSA&feature=player_embedded#

Tempo... coisa que não volta atrás!



durante minha vida passaram diversas pessoas. algumas deixaram marcas positivas, outras negativas, e outras deixaram as duas. vivi muitos momentos com as mesmas.
- momentos inesquecíveis, que ao relembrar ainda me fazem sorrir.
- momentos engraçados que dar risadas até hoje.
- momentos difíceis (tristes) que me fazem baixar a cabeça e lamentar quando, de vez em quando, são lembrados.
mas em todos estes momentos, estive do lado de pessoas especiais, que me ajudaram, me aconselharam e me criticavam quando necessário.
hoje, estão do meu ladonovas pessoas. alguns são aqueles que esiveram comigo lá no passado, outros são amigos recentes. não sei o que o futuro me espera. não sei quem estará do meu lado, só sei que aqueles que estiveram, ou estarão por algum tempo, jamais serão esquecidos, cada instante que estivemos juntos, ficarão na lembrança.

Vida


Assim que nascemos é como se encontrássemos em uma sala de pintura, com várias telas, tintas e pincéis. À partir daí devemos decidir se pintamos nossa própria tela, se pedimos para que alguém pinte, ou se continuamos a pintar aquela tela que já foi iniciada por outra pessoa.
Se a nossa escolha for pintar a nossa própria tela devemos aceitar as dicas de outros pintores, os conselhos e exemplos. É claro que algumas dessas indicações irão fazer com que nosso quadro seja pintado com perfeição, já outras com defeitos.
As tintas e a organização com a qual iremos pintar, somos nós quem decidimos. A nossa vida é exatamente assim, uma tela que após pintarmos, iremos receber nossa nota. Durante esta pintura irão passar várias pessoas a observar sua tela, algumas elogiando, e outras defamando dizendo o que devemos acrescentar ou tirar.
Mas o importante mesmo é aprendermos com os erros e tentar concertá-los, para que no final de nossa obra de arte e a nossa tela possa estar organizada, é claro, porém a maior parte do quadro deve ter acertos e/ou concertos. Para que assim a nossa nota possa valer a pena.

Espelho, espelho meu, existe alguém mais gorda do que eu? Hum.. acho que não.


Espelho, espelho meu, existe alguém mais gorda do que eu? Hum.. acho que não.
Esse é o dilema e sofrimento de várias meninas que sofrem anorexia/bulimia. Elas que estão de um modo magra até demais, se veem gordas no espelho, e se sentem terríveis no meio de pessoas que as olham, elas sentem que as pessoas notam sua gordura que ali não existem. Sentem como se as pessoas rissem delas nas costas quando elas passam, e por isso, elas tentam se "socorrer" da obesidade que elas veem, da pior maneira possível: parando de comer/comendo e vomitando.
O pior para essas pessoas que sofrem, é ver que as pessoas notam, e chegam para elas, mandando elas mudarem esse comportamento, e muitas vezes, chamando-as de loucas.
Agora, imagina você, dando o melhor e o pior de si para conseguir um corpo que façam as pessoas gostarem de você, não terem medo de você, para você ficar bonita(é assim que elas pensam), e as pessoas te chamam de louca, e ficam se metendo na sua vida ? Eu não estou aqui, defendendo pessoas que sofrem isso não, eu falo isso, porque já estive nessa pele, e EU SEI como é ruim pessoas fazerem isso com você. Está bem, alguém tem que ajudar pessoas assim, mas para isso, você não precisa julga-la e não chamá-la de louca, basta você conversar com os pais da pessoa que está sofrendo isso, e dizer que ela precisa de um acompanhamento médico. Isso basta. Você não pode ver seu lado de ajudante não, veja o lado da pessoa também, que aquilo não está no controle dela, está no controle da mente, isso só uma pessoa especializada pode ajudar a controlar. Se você, que está lendo, sofre com esses distúrbios, converse com alguém que te entenda, prometo que você se sentirá bem melhor, e mais segura em relação à vida.