terça-feira, 6 de abril de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Parte 3

Saí com muitas meninas assim. Então não me sentia nervosa, nem nada mais. Nunca tinha rolado nada com ninguém, ficava só na amizade mesmo. Era algo comum.

Pelo fato de eu ser gay, isso não significava que eu não me maquiava, não usava saia, nem outras coisas. Quem não me conhecia, nem imaginava que eu era gay. Abusava de acessórios e tudo mais. Isso eu ajudava as minhas amigas gays para irem para as baladas. Elas se vestiam femininas e conquistavam quem queriam.
Quando eu conheci Vera, Raquel e Paula, elas tinham um estilo pesado, e acho que isso assustava as garotas que não ficam com mulheres assumidamente. Usavam roupas estranhas, e cabelos assanhadas, como se elas nem se importassem mais com a vida, com se ser gay, fosse algo para você andar totalmente bagunçada. Eu as mudei, troquei aqueles pircengin pesados por uns mais estilosos e femininos; calças estranhas por saias e bermudas da moda. Assim, elas sempre chegavam dizendo que tinham beijado várias. No começo, Paula era interessada em mim, eu até ficaria com ela, quando ela ficasse mais arrumadinha, só que quando ela se tornou mais bonita por conta de minha ajuda, ela já me via como uma amiga, que não rolaria nada. Com elas, e dois amigos nossos, Dudu e Carlin, eu acabei me soltando mais, tendo mais liberdade. Criei minhas opniões. Juntos, começamos à beber com 15 anos. Eu fui a primeira, numa brincadeira com uns garotos numa festinha. E desde então, é meu point todo final de semana. E foi nesses momentos que Wendel me apareceu. Dudu testou para ver se ele era gay, mas ele não mostrava isso. Nesses momentos que Carlin se apaixonou e foi embora para São Paulo atrás de seu amor, e Paula assumiu ser gay para seus pais, que mandaram ela embora para a casa dos tios em Florianópolis. Eles colocaram culpa em nós, e até faziam escândalos quando passávamos na rua deles.
Paula entrava em contato com a gente sempre, dizendo que ia trabalhar ao invés de ir para a escola e arrumar dinheiro para voltar pra cá. Duas semanas quando completou três meses de sua ida, soubemos que ela foi morta por estar envolvida com drogas. E nunca mais vimos sinal da família Lopes nas redondezas. Alguns dizem que eles foram morar em Portugal, outros já dizem que eles se mataram. Eu não sei dizer.

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