sábado, 15 de maio de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Cont..

Ela me perguntara uma coisa que nem eu mesma sabia responder. Gostava ? Sim, gostava. Mas não era paixão. Era outra coisa, agora não sei o quê.
- Bruna, não faço isso de propósito, ser esse fantoste. Mas é que... não sei! Acreditei tanto, apostei tanto na gente naquela primeira vez, sonhava na perfeição se um dai estivéssemos juntas. Hoje,eu vejo que não é nada daquilo que eu pensava. Gosto muito de estar com você, mas não é como antes...
- O que eu posso fazer? Como você gostaria que fosse?
- Não existe isso, como eu quero. O problema é que eu enxergo hoje, que era ilusão. Eu nunca me apaixonei por você de verdade. Era apenas coisa da minha cabeça. Infelizmente. Eu tento, com todas as minhas forças, gostar de você como antes, eu DEVO, mas não dá. Você não se compara com o carinho e amor que eu preciso.
- Você gosta de outra pessoa não é?
- Wendel acabou comigo. Acabou nossa amizade, nosso rolo. Acabou por descobrir que eu era gay. Ele antes me tratava como uma peça valiosa. Ele era a pessoa mais maravilhosa que conheci na minha vida. Fazia-me muito feliz, mas acabou nisso. E hoje, eu sinto falta do jeito dele, como ele era comigo. E vejo que ele é a pessoa certa pra mim. Que ele é a pessoa que eu realmente mais amo na vida.
- Por que não me disse antes?
- Porque eu tentei esquecer ele com você.
- Ca-ram-ba.
- É, assim como você fez comigo. Mas juro que não foi de propósito.
- Entendo. Então você ficaria bem se acabássemos?
- Sim, não faria diferença pra mim.
Senti que ela jamais esperaria isso de mim. Com certeza, ela pensava que eu iria me ajoelhar nos pés dela, pedindo pra ela nunca fazer aquilo, mas não foi o que aconteceu.
- Está bem. Vou cair fora.
Ela pegou a bolsa do celular, e saiu, com raiva na certa. Eu não faria nada. Que fosse então.


Agora sozinha mais uma vez. Karla era a única que eu conversava. E nem sabia onde ela morava ou o celular dela. Meus pais iam fazer as coisas deles. Pensei em ligar pra Dudu, mas não liguei, então resolvi ir a casa de Vera, saber se ela estava viva.
Já era noite, quando saí.
Na rua encontrei algumas pessoas que estudavam comigo, que agora sorriam para mim. Acenei, e eles me chamaram pra ficar com eles em um banco. Ainda conversei com eles por uns 15 minutos e segui meu rumo.
Vera estava no calçadão que tinha perto da casa dela, como dissera sua mãe. Era um lugar esquisito, tinha pessoas ali que não eram legais, como me dissera Vera uma vez. Será que era esse o lugar mesmo, ou Vera teria enganado a sua mãe pra poder ir a casa da.. sei ,á o que dela ?
Mesmo assim, ainda fui. Olhei do começo do calçadão, e realmente não parecia ser um bom lugar para namorar ou sossegar. Era escuro em algumas partes, e era enorme, lotado de pessoas diferentes, do jeito que você pode imaginar.
Não queria andar pelo calçadão, fui pela caçada que ficava do outro lado, olhando para todos os rostos que ali existiam. Reconheci ela pelos longos cabelos e a roupa que ela estava vestida da última vez que a vi. Se não fosse esses pequenos detalhes, jamais reconheceria aquela garota, que não saia sem maquiagem desde o tempo que a conheci.

Eu acabei atravessando, não aguentei vê-la naquele estado. Para minha sorte ela estava sozinha, bebendo algo. Eu ia tentar tirá-la de lá.
Quando cheguei mais perto, senti logo o cheiro terrível que ela estava, seu cabelo bagunçado, e sua roupa quase acabada. Acredito que ela tenha passado um longo tempo sem tomar banho. E a mãe dela? Aquela só dá importância a si própria.
- Vera, amiga? - Quando ela virou para mim, seu rosto estava sujo demais. Parecia ter sido pisoteada. Ela me viu e me abraçou, como se eu fosse uma luz no fim da caverna. Ela estava quase sem forças.- Vem comigo, vem.
Acho que ela só esperava disso, que alguém chamasse ela pra sair dali. Ela veio na boa. Me ofereceu a bebida que tinha no copo, mas eu rebolei. Ela mantinha o peso sobre mim enquanto andávamos. Eu tentei pegar dois taxi, mas nenhum parou. Eles não iam aceitar uma garota alcoolizada no carro, claro que não.

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