sábado, 15 de maio de 2010

Porque não se escolhe quem se ama / Cont..

Ainda parei duas vez com ela no caminho. Não aguentava o peso dela direto sobre mim. Ela de vez enquanto começava a chorar, e aquilo me matava, ver minha amiga se matando sem saber o por quê, e ela estar sozinha. Teve um momento que Wendel passou por nós duas no carro. Ele ia sozinho, bom, parecia, e pela primeira vez me olhou nos olhos. Senti que ele ia parar, e ele parou.
Eu na esperança dele vir me ajudar, quem desceu do carro, pela porta de trás foi Dudu.
- O que ela tem? - Dudu a pegava desesperada.
Ela o abraçou, assim como tinha me abraçado.
- Não sei. Eu achei ela assim no calçadão, e estou levando ela agora pra minha casa, dar um banho nela.
Eu via nos olhos de Dudu o desespero, e Wendel nos observando pelo retrovisor. Ele acabou descendo e vindo até o lado em que Dudu estava.
- O que houve? - ele perguntou para Dudu, sem olhar pra mim.
- Depois te explico. Vamos ajudar a Alexandra a levar ela pra casa, vamos?
- Claro.
Então os dois pegaram-na no braço, e a colocaram no carro. Eu não queria ir. Meu coração batia tão rapido e forte, que sentia que eles ouviriam.
- É, acho que vou a pé. - eu disse assim que eles entravam no carro.
- Vamos com a gente, sem coisa, venha. Estamos perto, e como chegaríamos na sua casa sem você ? - disse Dudu.
- Certo. - eu tive que ir no banco da frente.
Wendel era concentrado na pista. Devia esse fato por eu estar perto dele. Olhei para trás e vi Dudu alisando os cabelos, que antes eram lindos, de Vera. Ele chorava baixo, quase em silêncio. Ela fechava e abria os olhos direto. Quando me virei, olhei para Wendel, sem descrição. Meu coração apenas doía, e muito.
Quanto é difícil estar do lado de quem amamos tanto, sem poder fazer nada.

Chegamos em casa, e eles desceram logo com ela nos braços. Eu rapidamente abri a porta da minha casa pra eles passarem. Minha mãe olhava aquilo com medo, e enquanto eles subiam com Vera para meu quarto, eu explicava tudo a ela.
Quando subi, Wendel tinha colocado um lençol em cima da minha cama para que nada ficasse sujo. Eu olhei grata, como uma boba, como se ele ainda desse importância aquele meu sorriso que um dia ele tanto elogiou. Estavámos unidos ali, por uma desgraça, mas estavámos juntos novamente. Uma coisa que eu tanto esperei.
Será que se fosse eu ali, ele faria a mesma coisa? Fiquei nessa dúvida.
Eu e Dudu, nos encarregamos de banhar ela, enquando ele esperava na janela, sabe-se lá o que ele tanto pensava, lembrando que em todo esse tempo, ele nem falara oi pra mim.
Quando fui buscar uma toalha, olhei mais uma vez, desesperada que ele dissesse alguma palavra, mas não saia nada dele.
Entreguei a toalha a Dudu, e desci as escadas. Fiquei na cozinha, chorando como uma desesperada, que era realmente como eu estava, desesperada. Minha mãe me abraçava, mandando eu ter forças para aguentar, e só rezar para ela melhorar, como se fosse realmente por isso.
Logo depois, Wendel descia e disse a minha mãe dizendo que ia comprar umas roupas novas pra ela, e minha mãe disse que não precisava. Ele sabia disso, que eu teria aquilo, mas era só pra me insutar. Subi de novo as escadas, e ele vinha atrás de mim. nem ligava mais.
Com raiva, joguei várias roupas no chão, e procurei por uma frouxa para ela. Pena que a blusa que ele me dera um dia, não ia ficar confortável nela.
Acabei pegando uma de minha mãe e vesti nela. Ela nos olhava e revirava os olhos para o teto, com uma angustia enorme, que só quem estava ali saberia dizer a dor que causava ver aquela cena.
Eu pedi a Dudupara buscar uns comprimidos que tinha no armário da cozinha, que a faria dormir. Ficamos Wendel, Vera , que já nem contava por sua total falta de conciência, e eu. Eu não aguentava mais o silêncio do meu coração e falei.
- Por que você agi assim comigo ? Por que?
- Por que? Você me pergunta? Certo. Eu apenas ignoro as pessoas no qual eu não quero conversar, ou outra espécie de contato. Entende?
- Um dia você disse que seria... - eu parei quando Dudu entrou.
- Ei, vou indo. Vai agora? - Wendel perguntou a Dudu sem nem me notar.
- Não, vou depois mesmo. - ele respondeu e Wendel saiu.
Eu não me aguentei e cai no choro. Sem vergonha mesmo, fiz isso na frente de Dudu. Ele me olhou com a cabeça baixa, mas não disse nada.
Enfim, Vera estava dormindo, e minha mãe chamou para irmos lanchar.
- Vocês já ligaram para a mãe dela ? - minha mãe estava preocupada.
- Não, não. Deixa ela, ela não está nem aí pra filha dela. - respondeu Dudu.
- Que mãe! Vou dar uma olhadinha nela, e vou deitar um pouco. - minha mãe disse e saiu.
Eu e Dudu ficamos em silêncio por um momento, até que ele falou:
- Naquela hora que Wendel saiu, você chorou por ele não foi? - Dudu perguntava ainda sem olhar pra mim.
- Foi. - ele respondi, colocando o suco na mesa, já sem vontade de beber.
- Não fica assim. Vai passar. É recente a separação de vocês. Além do mais, você não está com a Bruna. Não era o que você mais queria ?
- Não, não estamos mais juntas. Eu vi que eu realmente gosto do Wendel. Não consigo ser feliz com outra pessoa, só Wendel me faz bem, só ele me conhece, sabe o que eu gosto, tudo sobre mim.
- Eu sei. Sempre coube que você gostava dele.
- Ele ainda gosta de mim? - eu perguntei, sabendo que a resposta poderia me doer, mas mesmo assim precisava saber.
- Não. Ele não quer mais nenhuma espécie de contato com você. Nada. Por isso não liga.
Meu coração parecia ter levado facadas e mais facadas naquela hora.
- Se fosse eu , no lugar da Vera, ele teria passado direto ? - eu perguntava com a voz trêmula, com algumas lágrimas já saindo dos meus olhos.
- Não sei mesmo. - ele disse, colocando o copo na pia, e subindo as escadas.

É, era meu fim mesmo. Sem Dudu, Vera e Wendel. Aqueles três inseparáveis de um tempo atrás...

Dudu acabou indo embora depois das 22hs. Ele disse que era para eu ligar pra ele, se acontecesse algo.
Para meu sossego, Vera dormiu a noite toda, e calmamente. Eu não consegui. Passei a noite na janela, lendo o livro que Wendel me deu. Senti uma porrada forte nas minhas costas, foi então que eu percebi que tinha caído da janela enquanto lia. O sol já estava ficando alto, então ainda estava amanhecendo.
Vera estava do mesmo jeito que eu deixei, então ela ficou tranquila a noite toda. Fui lanchar e minha mãe e meu pai não estavam mais ali. Enfim, fiquei sem ter o que fazer.
Subi, e pra minha surpresa, Vera entrava no banheiro. Ela estava tentando andar normal. observei, e qualquer movimento em falso, eu a seguraria. Ela entrou e quando ia fechando a porta, me viu. Ela sorriu, e entrou.
Enquanto ela estava lá dentro, eu arrumei a cama e peguei uma outra roupa para ela. Enquando trocava o lençol, ela saia do banheiro rindo.
- Essa que apareceu nesse espelho, sou eu mesma ?
- É amiga. Ai como é bom te ver assim, como você realmente é! - eu soltei as coisas, e fui dar uma braço nela
- Espera gata. Eu não sou assim. Sou mais bonita! - fiquei muito emocionada com aquele sorriso que não via há muito tempo.
- Comparada ao que eu vi na última vez, ou seja, ontem.
- Desculpa. Mas tenho uma explicação para isso.
- Depois você me diz, antes você vai comer algo.
Descemos e liguei para Dudu, que já estava a caminho. Agora não sabia se sozinho ou com Wendel.

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